segunda-feira, 28 de abril de 2008

Literatura - Classicismo Renascentista


Quinhentismo corresponde à época do descobrimento do Brasil. É um movimento paralelo ao Classicismo português e possui idéias relacionadas ao Renascimento. A literatura do Quinhentismo tem como tema central os próprios objetivos da expansão marítima: a conquista material e a conquista espiritual. Divide-se em duas tendências:

Literatura Informativa

Consiste em relatórios, documentos e cartas sobre a nova terra, principalmente sobre a possibilidade de se encontrarem riquezas. Durante o século XVI, sobretudo a partir de sua segunda metade, as terras então recém-descobertas despertaram muito interesse nos europeus. Entre os comerciantes e militares, havia aqueles que vinham para conhecer e dar notícias sobre essas novas terras, como o escrivão Pero Vaz de Caminha, que acompanhou a expedição de Pedro Álvares Cabral, em 1500. Sua carta ao Rei Dom Manuel I é um dos exemplos mais importantes da Literatura Informativa. Como a Carta de Caminha, os textos produzidos eram, de modo geral, ufanistas, exagerando as qualidades da terra, as possibilidades de negócios e a facilidade de enriquecimento. Alguns mais realistas deixavam transparecer as enormes dificuldades locais, como locomoção, transporte, comunicação e orientação. O envolvimento emocional dos autores com os aspectos sociais e humanos da nova terra era praticamente nulo. E nem podia ser diferente, uma vez que esses autores não tinham qualquer conhecimento sobre a cultura dos povos silvícolas. Parece ser inclusive exagerado considerar tais textos como produções literárias, mas a tradição crítica consagrou assim.

Literatura jesuítica

Foi conseqüência da Contra-Reforma. A principal preocupação dos jesuítas era o trabalho de catequese, objetivo que determinou toda a sua produção literária, tanto na poesia como no teatro. Mesmo assim, do ponto de vista estético, foi a melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. Além da poesia de devoção, os jesuítas cultivaram o teatro de caráter pedagógico, baseado em trechos bíblicos, e as cartas que informavam aos superiores na Europa o andamento dos trabalhos na Colônia. José de Anchieta se propôs ao estudo da língua tupi-guarani e é considerado o precursor do teatro no Brasil. Sua obra apresenta traços barrocos.

Quinhentismo ou Classicismo em Portugal

Em Portugal, o Quinhentismo (Classicismo) teve início em 1527 , quando do retorno do poeta Sá de Miranda da Itália, onde viveu vários anos para estudos . Na bagagem, trazia novas técnicas versificatórias , o "dolce stil nuovo" ("doce estilo novo"). Além de introduzir no país o verso decassílabo (medida nova) em oposição à redondilha medieval (5 ou 7 sílabas), que passou a ser chamada de medida velha, trouxe uma nova conceituação artística. Devemos entender, portanto, que Sá de Miranda não trouxe para Portugal apenas um verso de medida diferente, mas um gosto poético mais refinado.

Juntamente com o decassílabo, passaram a ser cultivadas novas formas fixas de poesia, como o soneto (dois quartetos e tercetos, com metrificação em decassílabos e rimas em esquemas rigorosos), a ode (poesia de exaltação), a écloga (que tematiza o amor pastoril), a elegia (revelação de sentimentos tristes) , a epístola (carta em versos). É preciso lembrar que a substituição do verso redondilha (medida velha), característico da Idade Média, pelo decassílabo (medida nova) não se deu de forma imediata, pois ambas as medidas conviveram por grande parte do século XVI.

José de Anchieta

Nota: Se procura diretor, cenógrafo e figurinista brasileiro José de Anchieta, consulte José de Anchieta (diretor).

José de Anchieta

José de Anchieta

José de Anchieta (San Cristóbal de La Laguna, 19 de março de 1534Iriritiba, 9 de junho de 1597) foi um padre jesuíta espanhol, um dos fundadores de São Paulo e declarado beato pelo papa João Paulo II. É cognominado de Apóstolo do Brasil.

Biografia

Infância

Nascido na ilha de Tenerife, no arquipélago das Canárias, era filho de Juán López de Anchieta, um revolucionário que tomou parte na revolta dos Comuneros contra o Imperador Carlos V na Espanha e um grande devoto da Virgem Maria. Descendia da nobre família basca Anchieta (Antxeta).

Sua mãe chamava-se Mência Dias de Clavijo e Larena, natural das Ilhas Canárias, filha de judeus cristãos-novos. O avô materno, Sebastião de Larena, era um judeu convertido do Reino de Castela.

Dos doze irmãos, além dele abraçaram o sacerdócio Pedro Núñez e Melchior.

Juventude

Anchieta viveu com a família até aos catorze anos de idade, quando se mudou para Coimbra, em Portugal, onde foi estudar filosofia no Colégio das Artes, anexo à Universidade de Coimbra. A ascendência judaica foi determinante para que o enviassem para estudar em Portugal, uma vez que na Espanha, à época, a Inquisição era mais rigorosa. Ingressou na Companhia de Jesus em 1551 como irmão.

Atuação no Brasil

Benedito Calixto. Evangelho nas Selvas (Padre Anchieta), 1893. Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Tendo o padre Manuel da Nóbrega, Provincial dos Jesuítas no Brasil, solicitado mais braços para a atividade de Evangelização do evangelização do Brasil (mesmo os fracos de engenho e os doentes do corpo), o Provincial da Ordem, Simão Rodrigues, indicou, entre outros, José de Anchieta.

Anchieta, que padecia de "espinhela caída", chegou ao Brasil em 13 de junho de 1553, com menos de 20 anos de idade, junto com outros padres como o basco João de Azpilcueta Navarro. No seguimento da sua ação missionária, participou da fundação, no planalto de Piratininga, do Colégio de São Paulo, do qual foi regente, embrião da cidade de São Paulo, junto com outros padres da Companhia, em 25 de janeiro de 1554. Esta povoação contava, no primeiro ano da sua existência com 130 pessoas, 36 delas haviam recebido o batismo.

Cuidava não de educar e catequizar os aborígenes como também de defendê-los dos abusos dos colonizadores portugueses que os queriam não raro escravizá-los e tomar mulheres e filhos.

Esteve em Itanhaém e Peruíbe (litoral sul de São Paulo) na quaresma que antecedeu a sua ida à aldeia de Iperoig, juntamente com o padre Manuel da Nóbrega, em missão de preparo para o Armistício com os Tupinambás de Ubatuba (Armistício de Iperoig).

Nesse período, intermediou as negociações entre os portugueses e os indígenas reunidos na Confederação dos Tamoios, oferecendo-se Anchieta como refém dos tamoios em Iperoig, enquanto o padre Manuel da Nóbrega retornou a S. Vicente juntamente com Cunhambebe (filho) para ultimar as negociações de paz entre os indígenas e os portugueses.

Durante este tempo em que passou "prisioneiro" entre os índios compôs o Poema à Virgem, segundo uma tradição teria escrito nas areias da praia e memorizado o poema, mais tarde em S. Vicente o teria trasladado para o papel. Segundo a tradição, foi também durante o cativeiro que Anchieta teria em tese "levitado" entre os Índios, os quais, imbuídos de grande pavor, pensavam tratar-se de um feiticeiro.

Lutou contra os franceses estabelecidos na França Antártica na baía da Guanabara; foi companheiro de Estácio de Sá, a quem assistiu em seus últimos momentos (1567).

Em 1566 foi enviado à Bahia com o encargo de informar o governador Mem de Sá do andamento da guerra contra os franceses, possibilitando o envio de reforços portugueses ao Rio de Janeiro. Por esta época foi ordenado sacerdote aos 32 anos de idade.

Após a expulsão dos franceses da Guanabara, Anchieta e Manuel da Nóbrega instigaram o Governador-Geral Mem de Sá a prender em 1559 um refugiado huguenote, o alfaiate Jacques Le Balleur, e a condená-lo à morte por professar "heresias protestantes"[1]. Em 1567, Jacques Le Balleur foi preso[2], e conduzido ao Rio para ser executado, mas o carrasco recusou-se a executá-lo. Diante disso, Anchieta o teria estrangulado com suas próprias mãos[3]. O episódio é contestado como apócrifo pelo maior biógrafo de Anchieta, o padre jesuíta Hélio Abranches Viotti, na obra "Anchieta, o apóstolo do Brasil" com base em documentos que, segundo o autor, contradizem a versão[carece de fontes?].

Dirigiu o Colégio do Rio de Janeiro por três anos, de 1570 a 1573. No ano de 1569, Anchieta fundou a povoação de Iritiba ou Reritiba, atual Anchieta, no Espírito Santo.

Em 1577 foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu por dez anos, sendo substituído em1587 a seu próprio pedido. Retirou-se para Reritiba, mas teve ainda de dirigir o Colégio do Jesuítas em Vitória do Espírito Santo. Em 1595 obteve dispensa dessas funções e conseguiu retirar-se definitivamente para Reritiba onde veio a falecer, foi sepultado em Vitória.

Obra

José de Anchieta em gravura de 1807

José de Anchieta em gravura de 1807

Segundo a "Brasiliana da Biblioteca Nacional" (2001) "o Apóstolo do Brasil", fundador de cidades e missionário incomparável, foi gramático, poeta, teatrólogo e historiador. O apostolado não impediu Anchieta de cultivar as letras, compondo seus textos em quatro línguas - português, castelhano, latim e tupi, tanto em prosa como em verso.

Duas das suas principais obras foram publicadas ainda durante a sua vida:

O movimento de catequese influenciou seu teatro e sua poesia, resultando na melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro.

Entre suas contribuições culturais, podemos citar as poesias em verso medieval (sobretudo o poema De Beata Virgine Dei Matre Maria, mais conhecido como Poema à Virgem, com 4.172 versos), os autos que misturavam características religiosas e indígenas, a primeira gramática do tupi-guarani (A Cartilha dos nativos).

Foi o autor de uma espécie de certidão de nascimento do Rio de Janeiro, quando redigiu sua carta de 9 de julho de 1565 ao Padre Diogo Mirão, dando conta dos acontecimentos ocorridos ali "no último dia de fevereiro ou no primeiro dia de março" do ano. Nela se encontram os seguintes trechos: "...logo no dia seguinte, que foi o último de fevereiro ou primeiro de março, começaram a roçar em terra com grande fervor e cortar madeira para cerca, sem querer saber nem dos tamoios nem dos franceses." E: "... de São Sebastião, para ser favorecida do Senhor, e merecimentos do glorioso mártir."

A sua vasta obra foi totalmente publicada no Brasil na segunda metade do século XX.

A beatificação

Embora a campanha para a sua beatificação tenha sido iniciada na Capitania da Bahia em 1617, foi beatificado em Junho de 1980 pelo papa João Paulo II. Ao que se compreende, a perseguição do marquês de Pombal aos jesuítas havia impedido, até então, o trâmite do processo iniciado no século XVII.

O Caminho de Anchieta

Anchieta era conhecido, em sua época, como abarebebe que, na língua tupi, significa padre santo voador. A sua disposição em caminhar levava a que percorresse, duas vezes por mês, a trilha litorânea entre Iriritiba, e a ilha de Vitória, com pequenas paradas para pregação e repouso nas localidades de Guarapari, Setiba, Ponta da Fruta e Barra do Jucu.

Modernamente, esse percurso, com cerca de 105 quilômetros, vem sendo percorrido a por turistas e peregrinos, à semelhança do Caminho de Santiago, na Espanha.

Notas

  1. Cf. MATOS, Alderi de Souza. "A França Antártica e a Confissão de Fé da Guanabara". Portal Mackenzie. Acesso em 12/03/08.
  2. MOREAU, A. Scott, NETLAND, Harold A., ENGEN, Charles Edward Van & BURNETT, David. "Evangelical Dictionary of World Missions". Baker Book (2000), p. 142.
  3. ROCHA POMBO, José Francisco da. História

Pero Vaz de Caminha

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Pero Vaz de Caminha (Porto, Portugal, 1450Calecute, Índia, 15 de Dezembro de 1500), as vezes popularmente chamado de Pedro Vaz de Caminha, foi um escritor português que se notabilizou nas funções de escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral.

Era filho de Vasco Fernandes de Caminha, cavaleiro do duque de Bragança. Seus ancestrais seriam os antigos povoadores de Neiva à época do reinado de D. Fernando (1367-1383).

Letrado, Pero Vaz foi cavaleiro das casas de D. Afonso V (1438-1481), de D. João II (1481-1495) e de D. Manuel I (1495-1521). Pai e filho, para melhor desempenhar seus cargos, precisavam exercitar a prática e desenvolver o conhecimento da escrita, distinguindo-se a serviço dos monarcas.

Teria participado da batalha de Toro (2 de Março de 1475). Em 1476 herdou do pai o cargo de mestre da Balança da Moeda, posição de responsabilidade em sua época. Em 1497 foi escolhido para redigir, na qualidade de Vereador, os Capítulos da Câmara Municipal do Porto, a serem apresentados às Cortes de Lisboa. Afirma-se que D. Manuel I, que o nomeou para o cargo no Porto, lhe tinha afeição.

Em 1500, foi nomeado escrivão da feitoria a ser erguida em Calecute, na Índia, razão pela qual se encontrava na nau capitânia da armada de Pedro Álvares Cabral em Abril daquele mesmo ano, quando a mesma descobriu o Brasil. Caminha eternizou-se como o autor da carta, datada de 1 de Maio, ao soberano, um dos três únicos testemunhos desse achamento (os outros dois são a Relação do Piloto Anônimo e a Carta do Mestre João Faras.

Mais conhecido dentre os três, a Carta de Pero Vaz de Caminha é considerada a certidão de nascimento do Brasil embora, dado o segredo com que Portugal sempre envolveu relatos sobre sua descoberta, fosse publicada no século XIX, pelo Padre Manuel Aires de Casal em sua "Corografia Brasílica", Imprensa Régia, Rio de Janeiro, 1817. O texto de Mestre João demoraria mais ainda: veio à luz em 1843 na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e isso graças aos esforços do historiador Francisco Adolfo de Varnhagen.

Tradicionalmente se aceita que Caminha pereceu em combate durante o ataque muçulmano à feitoria de Calecute, em construção, no final de 1500.

Caminha desposou D. Catarina Vaz, com quem teve, pelo menos, uma filha, Isabel.

Carta a El Rei D. Manuel

(Redirecionado de Carta de Pero Vaz de Caminha)

Carta ao rei D. Manuel, comunicando o achamento da ilha de Vera Cruz.

Carta ao rei D. Manuel, comunicando o achamento da ilha de Vera Cruz.

A Carta a el-rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil, popularmente conhecida como Carta de Pero Vaz de Caminha, é o documento no qual Pero Vaz de Caminha registrou as suas impressões sobre a terra que posteriormente viria a ser chamada de Brasil. É o primeiro documento escrito da história do Brasil sendo, portanto, considerado o marco inicial da obra literária no país.

Escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, Caminha redigiu a carta para o rei D. Manuel I (1495-1521) para comunicar-lhe o descobrimento das novas terras. Datada de Porto Seguro, no dia 1 de Maio de 1500, foi levada a Lisboa por Gaspar de Lemos, comandante do navio de mantimentos da frota.

A carta conservou-se inédita por mais de dois séculos no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa. Foi descoberta em 1773 por José de Seabra da Silva, noticiada pelo historiador espanhol Juan Bautista Muñoz e publicada, pela primeira vez no Brasil, pelo padre Manuel Aires de Casal na sua Corografia Brasílica (1817).

Em 2005 este documento foi inscrito no Programa Memória do Mundo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

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Conteúdo da Carta

A Carta é exemplo do deslumbramento do europeu diante do Novo Mundo. Contudo, apresenta informações equivocadas.

Em princípio, Caminha se desculpa pela Carta, a qual considera "interior". O escrivão documenta os traços de terra e o momento de vista da terra (quando se avistou o Monte Pascoal, a que deu-se o nome de Terra de Vera Cruz).

Os portugueses seguem até à praia, onde acontece o primeiro contato com os índios, quando os portugueses praticam o primeiro escambo com os índios brasileiros. Menciona-se também o pau-brasil e é narrada a Primeira Missa na nova terra.

Trecho da Carta

Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma. Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos. Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo.

Outros relatos sobre a viagem

Além da Carta de Pero Vaz de Caminha, importante documento na historiografia do país, o primeiro texto impresso que se refere exclusivamente ao descobrimento do Brasil é o panfleto anônimo, escrito em italiano, "Copia de una littera del Re de Portogallo madata al Re de Castella del viaggio & sucesso de India" (Cópia de uma carta do Rei de Portugal mandada ao Rei de Castela acerca da viagem e sucesso da Índia), publicada inicialmente em Roma, e logo a seguir em Milão, no ano de 1505:

"Lembra William Brooks Greenlee que 'a autenticidade desta carta é contestável, mas é o mais antigo relato impresso da viagem de Cabral hoje existente.' Apesar disso, como ressaltou Rubens Borba de Moraes, 'para os brasileiros este panfleto guarda grande interesse, visto que contém as primeiras notícias impressas da descoberta do Brasil pelo "Capitano Generale Petro Alves Cabrale...alla quale terra d'Santa Croce pose il nome..." " (in: Brasiliana da Biblioteca Nacional. p. 33)

Frei Vicente do Salvador

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Frei Vicente do Salvador, nascido Vicente Rodrigues Palha, OFM (Salvador, 20 de dezembro de 1564 — c. 1635) foi um religioso franciscano brasileiro; primeiro autor de uma história da jovem Colônia portuguesa, recebendo por tal o título de "pai da história brasileira".

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Biografia

Vicente Rodrigues Palha, como no século se chamava Frei Vicente, segundo as escassas notícias que dele temos, nasceu em Matuim, umas seis léguas ao norte da cidade da Bahia, em 1564. Como a maioria dos homens instruídos da época, estudou com os jesuítas no seu colégio de São Salvador, e depois em Coimbra, em cuja Universidade se formou em ambos os direitos e doutorou-se.

Voltando ao Brasil ordenou-se sacerdote, chegou a cônego da baiana e vigário-geral. Aos trinta e cinco anos fez-se frade, vestindo o hábito de São Francisco e trocando o nome pelo de Frei Vicente de Salvador. Missionou na Paraíba, residiu em Pernambuco e cooperou na fundação da casa franciscana do Rio de Janeiro, em 1607, sendo o seu primeiro prelado. Tornou posteriormente a Pernambuco, onde leu um curso de artes, no convento da ordem, em Olinda. Regressando à Bahia foi guardião do respectivo convento, em 1612.

Eleito em Lisboa custódio da Custódia franciscana brasileira, no mesmo ano de 1612 teve de voltar a Pernambuco. Após haver estado em Portugal, regressado novamente à Bahia, como guardião, tornado ao Rio e mais uma vez à Bahia, faleceu entre os anos de 1636 a 1639.

Excerto

A obra do frei Vicente, "História do Brasil", dividida em cinco livros, narra o modus vivendi na Colônia, narrando episódios conhecidos de seus primeiros governadores, bem como anedotas, o jeito de falar e de viver nas terras ainda tão novas.

A seguir, um excerto de sua narrativa, considerada o "primeiro clássico do Brasil":

A Independência econômica do Brasil

Inopem me copia facit, disse o poeta, e disse verdade, porque, onde as coisas são muitas, é forçado que se percam, como acontece ao que vindima a vinha fértil e abundante de fruto, que sempre lhe ficam muitos cachos de rabisco e assim me há sucedido com as coisas de mar e terra do Brasil de que trato. Pelo que me é necessário rabiscar ainda algumas, que farei neste capítulo, que quanto a todas é impossível relatá-las.

Faz no Brasil sal não em salinas artificiais, mas em outras naturais, como no Cabo Frio e além do Rio Grande, onde se acha coalhado em grandes pedras muito e muito alvas.

Faz-se também muita cal, assim de pedra do mar como da terra, e de cascas de ostras que o gentio antigamente comia e se acham hoje montes delas coberos de arvoredos, donde se tira e se coze engradada entre madeira com muita facilidade.

Há tucum, que são umas folhas quase de dois palmos de comprido, donde, com a mão, sem outro artifício, se tira pita rijíssima, e cada folha dá uma estriga.

Academia Brasileira de Letras


Quando da fundação da Academia Brasileira de Letras, Frei Vicente não figurou dentre os seus Patronos - uma inovação então adotada pelo Silogeu brasileiro. Quando se criou a categoria de Acadêmicos Correspondentes, entretanto (outra novidade da Academia) - foi ele escolhido para o patronato da cadeira 19, em esta categoria.

01. As primeiras manifestações literárias que se registram na Literatura Brasileira referem-se a:

a) Literatura informativa sobre o Brasil (crônica) e literatura didática, catequética (obra dos jesuítas).

b) Romances e contos dos primeiros colonizadores.

c) Poesia épica e prosa de ficção.

d) Obras de estilo clássico, renascentista.

e) Poemas românticos indianistas.

Resposta: A

02. A literatura de informação corresponde às obras:

a) barrocas;

b) arcádicas;

c) de jesuítas, cronistas e viajantes;

d) do Período Colonial em geral;

e) n.d.a.

Resposta: C

03. Qual das afirmações não corresponde à Carta de Caminha?

a) Observação do índio como um ser disposto à catequização.

b) Deslumbramento diante da exuberância da natureza tropical.

c) Mistura de ingenuidade e malícia na descrição dos índios e seus costumes.

d) Composição sob forma de diário de bordo.

e) Aproximações barrocas no tratamento literário e no lirismo das descrições.

Resposta: E

04. (UNISA) A “literatura jesuíta”, nos primórdios de nossa história:

a) tem grande valor informativo;

b) marca nossa maturação clássica;

c) visa à catequese do índio, à instrução do colono e sua assistência religiosa e moral;

d) está a serviço do poder real;

e) tem fortes doses nacionalistas.

Resposta: C

05. A importância das obras realizadas pelos cronistas portugueses do século XVI e XVII é:

a) determinada exclusivamente pelo seu caráter literário;

b) sobretudo documental;

c) caracterizar a influência dos autores renascentistas europeus;

d) a deterem sido escritas no Brasil e para brasileiros;

e) n.d.a.

Resposta: B

06. Anchieta não escreveu:

a) um dicionário ou gramática da língua tupi;

b) sonetos clássicos, à maneira de Camões, seu contemporâneo;

c) poesias em latim, portugueses, espanhol e tupi;

d) autos religiosos, à maneira do teatro medieval;

e) cartas, sermões, fragmentos históricos e informações.

Resposta: B

07. São características da poesia do Padre José de Anchieta:

a) a temática, visando a ensinar os jovens jesuítas chegados ao Brasil;

b) linguagem cômica, visando a divertir os índios; expressão em versos decassílabos, como a dos poetas clássicos do século XVI;

c) temas vários, desenvolvidos sem qualquer preocupação pedagógica ou catequética;

d) função pedagógica; temática religiosa; expressão em redondilhas, o que permitia que fossem cantadas ou recitadas facilmente.

e) n.d.a.

Resposta: D

09. (UNIV. FED. DE SANTA MARIA) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto afirmar que:

a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à catequese.

b) Inicia com Prosopopéia, de Bento Teixeira.

c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura jesuítica.

d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica.

e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições encontradas no Novo Mundo.

Resposta: C

10. (UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:

Dos vícios desligados

nos pajés não crendo mais,

nem suas danças rituais,

nem seus mágicos cuidados.

(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)

Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos índios em

procissão:

a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como

produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa

Portuguesa e a Companhia de Jesus.

b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura informativa.

c) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas pelos pajés.

d) Os meninos índios são figura alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia renascentista.

e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível.

Resposta: A

Exercícios

1- (UNISA) A “literatura Jesuítica” nos primórdios de nossa história:

a) tem grande valor informativo;
b) merca nossa maturação clássica;
c) visa à catequese do índio, à instrução do colono e sua assistência religiosa e moral;
d) está a serviço do poder real;
e) tem fortes doses nacionalistas

Resposta correta C

2- (CESMAZON) O culto a natureza, característica da literatura brasileira, tem sua origem nos textos da literatura de informação.Assinale o fragmento da carta de Caminha que revela a mencionada característica.

a) “Viu um deles umas contas rosário, brancas; acenou que lhes dessem, folgou muito com elas, e lanço-as ao pescoço.”
b) “Assim, quando o batel chegou a foz do rio, estavam ali dezoito ou vinte homens pardos todos nus sem nenhuma roupa que lhes cobrisse suas vergonhas.”
c) Mas a terra em si é muito boa de ares, tão frios e temperados como os de Entre-Douro e Minho, porque,neste tempo de agora, assim os achávamos como os de . Águas são muitas e indefinidas. De tal maneira é graciosa e querendo aproveita-las, dar-se-à nela tudo por bem das águas que tem.”
d) “Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”
e) “Mostrara-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo, tornaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os estavam ali.”

Resposta correta C

3) (Universidade Federal de Santa Maria)- Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto afirmar que:

a) é formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à catequese.
b) Inicia com prosopopéia, de Bento Teixeira.
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura jesuídica
d) Os textos que a constituem apresentam evidentemente preocupação artística e pedagógica.
e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições encontradas no Novo Mundo.

Resposta correta C

4) (UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:

Dos vícios desligados
nos pajés não crendo mais,
nem suas danças rituais,
nem seus mágicos cuidados

(Anchieta , José de. O Auto de São Lourenço [Tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.] pg 110)

a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como produto final de todo um empreendimento do qual participam com igual empenho a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus.
b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura informativa.
c) Os meninos índios estão afirmados os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas pelos pajés.
d) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia renascentista.
e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem liberta-se tão logo seja possível.

Resposta correta A

Questões

01. São características da poesia do Padre José de Anchieta:

a)linguagem cômica, visando a divertir os índios; expressão em versos decassílabos, como a dos poetas clássicos do século XVI

b)a temática, visando a ensinar os jovens jesuítas chegados ao Brasil

c)função pedagógica; temática religiosa; expressão em redondilhas, o que permitia que fossem cantadas ou recitadas facilmente

d)temas vários, desenvolvidos sem qualquer preocupação pedagógica ou catequética

e)n.d.a.

02. (UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:

Dos vícios já desligados

nos pajés não crendo mais,

nem suas danças rituais,

nem seus mágicos cuidados.

(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)

Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos índios em procissão:

a)A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura informativa

b)Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível

c)Os meninos índios são figura alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia renascentista

d)Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas pelos pajés

e)Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus

03. A importância das obras realizadas pelos cronistas portugueses do século XVI e XVII é:

a)caracterizar a influência dos autores renascentistas europeus

b)sobretudo documental

c)a deterem sido escritas no Brasil e para brasileiros

d)determinada exclusivamente pelo seu caráter literário

e)n.d.a.

04. As primeiras manifestações literárias que se registram na Literatura Brasileira referem-se a:

a)Literatura informativa sobre o Brasil (crônica) e literatura didática, catequética (obra dos jesuítas)

b)Poesia épica e prosa de ficção

c)Obras de estilo clássico, renascentista

d)Poemas românticos indianistas

e)Romances e contos dos primeiros colonizadores

05. Anchieta só não escreveu:

a)autos religiosos, à maneira do teatro medieval

b)um dicionário ou gramática da língua tupi

c)cartas, sermões, fragmentos históricos e informações

d)poesias em latim, portugueses, espanhol e tupi

e)sonetos clássicos, à maneira de Camões, seu contemporâneo

06. (UNIV. FED. DE SANTA MARIA) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto afirmar que:

a)Inicia com Prosopopéia, de Bento Teixeira

b)É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura jesuítica

c)Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições encontradas no Novo Mundo

d)Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica

e)É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à catequese

07. (UNISA) A “literatura jesuíta”, nos primórdios de nossa história:

a)visa à catequese do índio, à instrução do colono e sua assistência religiosa e moral

b)tem grande valor informativo

c)está a serviço do poder real

d)tem fortes doses nacionalistas

08. A literatura de informação corresponde às obras:

a)arcádicas

b)de jesuítas, cronistas e viajantes

c)barrocas

d)do Período Colonial em geral

09. Qual das afirmações não corresponde à Carta de Caminha?

a)Composição sob forma de diário de bordo

b)Observação do índio como um ser disposto à catequização

c)Aproximações barrocas no tratamento literário e no lirismo das descrições

d)Mistura de ingenuidade e malícia na descrição dos índios e seus costumes

e)Deslumbramento diante da exuberância da natureza tropical

10. Dentre os principais autores do quinhentismo temos:

I - Ambrósio Fernandes Brandão

II - Pero Lopes e Sousa

III - Pero de Magalhães Gândavo

a)I e II estão corretas

b)I e III estão corretas

c)I e II e III estão corretas

d)II e III estão corretas

e)I e II e III estão incorretas.