segunda-feira, 23 de junho de 2008

Português - Semântica

A semântica (do grego σημαντικός, derivado de sema, sinal) refere-se ao estudo do significado, em todos os sentidos do termo. A semântica opõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a primeira se ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça sobre as estruturas ou padrões formais do modo como esse algo é expresso (por exemplo, escritos ou falados). Dependendo da concepção de significado que se tenha, tem-se diferentes semânticas. A semântica formal, a semântica da enunciação ou argumentativa e a semântica cognitiva, por exemplo, estudam o mesmo fenômeno, mas com conceitos e enfoques diferentes.

Antônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado contrário (também oposto ou inverso) à outra.

O emprego de antónimos na construção de frases pode ser um recurso estilístico que confere ao trecho empregado uma forma mais erudita ou que chame atenção do leitor ou do ouvinte.

Exemplos

Palavra Antônimo
aberto fechado
alto baixo
bem mal
bom mau
bonito feio
demais de menos
doce salgado
forte fraco
gordo magro
salgado insosso
amor ódio
seco molhado
grosso fino
duro mole
doce amargo
grande pequeno
soberba humildade
louvar censurar
bendizer maldizer
activo inactivo
simpático antipático
progredir regredir
rápido lento
sair entrar
sozinho acompanhado
concórdia discórdia
pesado leve
quente frio
presente ausente
escuro claro
inveja admiração

sinônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado idêntico ou muito semelhante à outra. Exemplos: carro e automóvel, cão e cachorro.

O conhecimento e o uso dos sinônimos é importante para que se evitem repetições desnecessárias na construção de textos, evitando que se tornem enfadonhos.

Polissemia - multiplicidade de sentidos de uma palavra ou locução.

A ambigüidade é a duplicidade de sentidos que pode haver em um texto.

domingo, 8 de junho de 2008

CPT - Gêneros Jornalísticos

A Entrevista

A Entrevista é um gênero textual jornalístico que tem por finalidade colher opiniões de pessoas a respeito de um assunto ou de fatos em evidência no momento em que ela é realizada; pode também divulgar informações sobre a vida pessoal e profissional de uma pessoa de renome no meio artístico, cultural, científico, político ou religioso.

Uma entrevista costuma ter por título um trecho da fala do entrevistado ou uma frase-síntese que revela a opinião do entrevistado. Abaixo do título, há, normalmente, um subtítulo que procura sintetizar o que foi exposto durante a entrevista. É comum haver também um texto mais extenso, em que o entrevistador coloca o leitor a par do assunto que será abordado ou apresenta o entrevistado, falando de sua vida pessoal ou de sua atividade profissional.

No texto da entrevista, costuma-se colocar o nome do entrevistador (ou do jornal ou da revista que ele representa) e do entrevistado antes da fala, a fim de que fique claro quando é um e quando é o outro quem está falando.

Entrevistar uma pessoa exige do entrevistador conhecimento da vida pessoal ou da atividade profissional do entrevistado e conhecimento do assunto a ser tratado na entrevista.

Características da entrevista escrita

1. tem por finalidade colher informações, depoimentos, opiniões, aspectos da vida pessoal ou profissional de pessoas de destaque nos meios artístico, cultural, político, religioso, etc.

2. estrutura: contém título e geralmente subtítulo e uma introdução; o texto da entrevista é propriamente organizado em perguntas e respostas;

3. apresentação do nome do entrevistado e do entrevistador antes da fala de cada um;

4. linguagem geralmente culta, podendo sofrer variações conforme as características do entrevistado, do jornal ou da revista e do público leitor; geralmente na transcrição são desprezadas as marcas de oralidade;

5. linguagem que procura reproduzir o ritmo da conversa;

6. emprega verbos predominantemente no presente do indicativo.

Como entrevistar bem

a. procure saber quanto tempo você terá para a entrevista; se forem poucos minutos, vá direto ao assunto e evite introduções desnecessárias;

b. antes de realizar a entrevista, informe-se sobre o entrevistado e o assunto;

c. não confie apenas na memória. Faça anotações e, se necessário, leve um gravador;

d. espere o entrevistado concluir o seu pensamento para fazer uma nova pergunta;

e. faça perguntas curtas e objetivas;

f. preveja respostas possíveis e prepare novas perguntas a essas respostas.

A Reportagem

A Reportagem é um gênero jornalístico. Embora ela geralmente se inicie como a notícia - com um lead -, ela amplia o fato principal, acrescentando opiniões e diferentes versões. A reportagem não tem uma estrutura rígida. De modo geral, depois do lead, desenvolve-se a narrativa do fato principal, ampliando-a e compondo-a por meio de entrevistas, depoimentos, boxes com estatísticas, pequenos resumos, textos de opinião. Como todo texto jornalístico, a reportagem é sempre encabeçada por um título, que anuncia o fato em si; pode ou não apresentar subtítulo.

Na reportagem, emprega-se uma linguagem clara, dinâmica e objetiva, de acordo com o padrão culto da língua. Embora a linguagem seja impessoal, quase sempre é possível perceber a opinião do repórter sobre os fatos ou sua interpretação. Às vezes, o jornal ou a revista emprega uma linguagem mais informal, dependendo do público a que se destina.

Características da reportagem

1. informa de modo mais aprofundado sobre fatos que interessam ao público a que se destina o jornal ou revista, acrescentando opiniões e diferentes versões, de preferência comprovadas;

2. costuma estabelecer conexões entre o fato central, normalmente enunciado no lead, e fatos paralelos, por meio de citações, trechos de entrevistas, boxes informativos, dados estatísticos, fotografias, etc.;

3. pode ter um caráter opinativo, questionando as causas e os efeitos dos fatos, interpretando-os, orientando os leitores;

4. predomínio da função referencial da linguagem;

5. linguagem impessoal, objetiva, direta, de acordo com o padrão culto da língua.

Diferenças entre reportagem e notícia

Enquanto a notícia nos diz no mesmo dia ou no seguinte se o acontecimento entrou para a história, a reportagem nos mostra como é que isso se deu. Tomada como método de registro, a notícia se esgota no anúncio; a reportagem, porém, só se esgota no desdobramento, na pormenorização, no amplo relato dos fatos.

O salto da notícia para a reportagem se dá no momento em que é preciso ir além da notificação - em que a notícia deixa de ser sinônimo de nota - e se situa no detalhamento, no questionamento de causa e efeito, na interpretação e no impacto, adquirindo uma nova dimensão narrativa e ética. Porque com essa ampliação de âmbito a reportagem atribui à notícia um conteúdo que privilegia a versão. Se a nota é geralmente a história de uma só versão, a reportagem é por dever e método a soma das diferentes versões de um mesmo acontecimento.

IN: Cereja, Willian; Magalhães. Thereza. Texto e Interação. São Paulo: Atual editora, 2000.

Segunda-feira, Novembro 8

O Artigo (texto argumentativo escrito)

O Artigo

A formas básicas do texto argumentativo escrito são: a estrutura, o tipo de linguagem e uma clara intenção persuasiva.

A estrutura é constituída de três partes:

1. a introdução, em que o autor apresenta a idéia principal, isto é, expõe seu ponto de vista sobre o tema em discussão;

2. o desenvolvimento, em que o autor expõe os argumentos para defender e fundamentar a idéia principal;

3. e a conclusão, em que a idéia principal é retomada e confirmada.

Características do texto argumentativo escrito

1. texto de intenção persuasiva;

2. defende-se um ponto de vista sobre determinado assunto;

3. o ponto de vista é fundamentado com argumentos;

4. linguagem normalmente de acordo com o padrão culto formal da língua;

5. o autor pode colocar-se de modo pessoal ou de modo impessoal, dependendo de sua intenção, de quem são os interlocutores e do veículo do texto;

6. presença de palavras e expressões que introduzem opiniões pessoais ou impessoais.

In: Cereja, Willian; Magalhães, Thereza. Texto e Interação. S. Paulo: Atual editora, 2000.

Quinta-feira, Novembro 4

O Manifesto

O manifesto

É um gênero de texto que produz quando uma pessoa ou um grupo de pessoas deseja chamar a atenção da população, denunciando um problema de interesse geral ou alertando para um problema que está preste a ocorrer. Embora não possua uma estrutura rígida, o manifesto deve conter alguns dados essenciais, como: um título, capaz de chamar a atenção do público e ao mesmo tempo informar de que trata o texto; a identificação do problema; a análise do problema e argumentos, local e data; e por fim, as assinaturas dos autores do manifesto ou simpatizantes da causa.

A linguagem do manifesto varia de acordo com fatores como: quem é o autor, quem são os interlocutores, qual é o veículo de divulgação, etc. Geralmente, nos meios de comunicação de grande alcance o manifesto é divulgado de acordo com o padrão culto formal da língua.

Características do manifesto

1. texto de intenção persuasiva, que objetiva alertar sobre um problema ou fazer a denúncia pública de um problema que está ocorrendo;

2. estrutura relativamente livre, mas com alguns elementos indispensáveis: título, identificação e análise do problema, argumentos que fundamentam os ponto de vista do(s) autor (es) do manifesto, local e data, assinaturas dos autores e simpatizantes da causa;

3. linguagem geralmente no padrão culto formal da língua;

4. verbos predominantemente do presente do indicativo.

CPT - A Carta Pessoal

A Carta Pessoal

A carta pessoal é um gênero textual utilizado quando um remetente deseja entrar em contato com um amigo, familiar, conhecido - o destinatário.

Características da carta pessoal

  1. comunicação geralmente breve e pessoal, de assunto livre;
  2. sua estrutura é composta de local e data, vocativo, corpo e assinatura; às vezes, também de P.S. ( post-scriptum),
  3. a linguagem varia de acordo com o grau de intimidade entre os interlocutores, podendo ser menos ou mais formal, culta ou coloquial, e, eventualmente, incluir gírias;
  4. verbos geralmente no presente do indicativo;
  5. quando enviada pelo correio, a carta é acondicionada em um envelope, preenchido adequadamente com o nome e o endereço do remetente e do destinatário.

O local e data são colocados no início da carta, normalmente à esquerda.

O vocativo pode conter apenas o nome do destinatário ou vir acompanhado de palavras de cortesia, como Caro senhor, Querida amiga, por exemplo, ou pode mesmo ser um apelido, que varia conformao grau de intimidade entre as pessoas que se correspondem. O vocativo pode ser seguido de dois-pontos, de vírgula ou não conter pontuação.

A despedida varia muito, podendo ser cortês, carinhosa ou formal.

A assinatura do remetente, normalmente o nome maniscrito, sem o sobrenome, finaliza a carta.

Se algo importante houver sido esquecido, pode ser incluído depois das assinatura, um P.S.

In: CEREJA, Willian; MAGALHÃES, Thereza. Texto e Interação. S. Paulo: Atual Editora, 2000, p. 18/19

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Literatura - Arcadismo

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O Arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII. O nome dessa escola é uma referência à Arcádia, região bucólica do Peloponeso, na Grécia, tida como ideal de inspiração poética. No Brasil, o movimento árcade toma forma a partir da segunda metade do século XVIII.

A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo que lhe diz respeito. É por isto que muitos poetas ligados ao arcadismo adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos (pois o ideal de vida válido era o de uma vida bucólica).

Contexto Histórico

O arcadismo, setecentismo (os anos 1700) ou neoclassicismo é o período que caracteriza principalmente a segunda metade do século XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa. A primeira metade do século XVIII marcou a decadência do pensamento barroco, para a qual colaboraram vários fatores: a burguesia ascendente, voltadas para as questões mundanas, passou a deixar em segundo plano a religiosidade que permeava o pensamento barroco; além disso, o exagero da expressão barroca havia cansado o público, e a chamada arte cortesã, que se desenvolvera desde a Renascença, atingia um estágio estacionário e apresentava sinais de declínio, perdendo terreno para a arte burguesa, marcada pelo subjetivismo. Surgiram, então, as primeiras arcádias, que procuravam a pureza e a simplicidade das formas clássicas.

Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como Arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pan e habitada por pastores que, vivendo de modo simples e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer.

Os italianos, procurando imitar a lenda grega, criaram a Arcádia em 1690 - uma academia literária que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais neoclássicos. Para serem coerentes com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos literatos árcades usavam roupas e pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para gozar a vida natural.

No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.

Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes.

O desejo da natureza, a realização da poesia pastoril, a reverência ao bucolismo são traços marcantes da literatura arcádica, disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco.

Fugere urbem (fuga da cidade)

Locus amoenus (lugar aprazível, ameno)

Aurea Mediocritas (mediocridade áurea - simboliza a valorização das coisas cotidianas focalizadas pela razão)

Inutilia truncat (cortar o inútil - eliminar o rebuscamento barroco)

Neoclassicismo

Pseudônimos pastoris (fingimento poético para não revelar sua identidade)

Carpe diem (aproveite o dia)

Em Portugal

D. José no trono na casa do pai João

Período Pombal (1750 a 1777)

Grandes Reformas na Economia

Aumento da exploração na colônia do Brasil

Expulsão dos jesuítas do território português

A morte de D. José, em 1777, e a queda de Pombal

D. Maria, sucessora do trono, tenta resolver os problemas, cada vez maiores, do Erário Real.

O dominio Inglês em Portugal cresce, e a dependência econômica de Portugal torna-se incontrolável.

No Brasil

Minas Gerais como centro econômico e político

A descoberta do ouro, na região de Minas Gerais, forma cidades ao redor.

Vila Rica (atual Ouro Preto) se consolida como espaço cultural desde o Barroco (Aleijadinho)

A corrida pelo ouro se intensifica.

Influências das arcádias portuguesas nos poetas brasileiros

Conflitos com o Império (Inconfidência Mineira)

O ciclo da mineração

A expulsão dos jesuítas do Brasil - (1759)

A Inconfidência Mineira(1789)

Marco Inicial

No Mundo

Criada a 1ª Arcádia pelos italianos, procurando imitar a lenda de uma cidade grega, a Arcádia.

O que era

O arcadismo foi uma escola criada na Itália, procurando imitar a lenda grega, os italianos criaram em 1690 uma academia literária, denominada Arcádia que reunia escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais neoclássicos.

Em Portugal

Fundação da Arcádia Lusitana (1756)

No Brasil

Publicação das Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa (1768)

Fundação da Arcádia Ultramarina em Vila Rica (atual Ouro Preto, MG)

Características

Rococó - estilo artístico situado entre o Barroco (com o qual,às vezes,é confundido) e o Arcadismo. O Rococó durou pouco mais de 35 anos. Assumiu porém, ares de padrão artístico em vários países do mundo, principalmente na américa espanhola e portuguesa.

Predomínio da razão - ênfase aos estatutos da razão, do conhecimento e da ciência. A beleza e o racional caminham lado a lado

Adoção de lemas latinos, tais como:Fugere urbem (fuga da cidade), Locus amoenus (lugar aprazível), Carpe diem (aproveita o dia), Inutilia truncat (Cortar o inútil) etc;

Pastoralismo ou Bucolismo;

Imitação de modelos artísticos greco-romanos - a obediência a regras e convenções clássicas como sinônimo de "imitação", não de cópia pura e simples. Aspectos imitados: quanto à forma (busca da perfeição formal, através da utilização de modelos literários); quanto ao conteúdo (temáticas preferenciais: amor, vida e morte, vida campestre, poesia didática ou doutrinária; recorrência à mitologia pagã;

Convencionalismo (Repetição de temas muito explorados e utilização de lugares comuns da literatura;

Idealização do amor e da mulher.

No Brasil

Introdução de paisagens tropicais - Caramuru (de Frei José de Santa Rita Durão)

História colonial muito valorizada

Início do nacionalismo

Início da luta pela independência - Tomás Antônio Gonzaga("primeira cabeça da inconfidência" segundo Joaquim Silvério, delator da Inconfidência Mineira)

A colônia é colocada como centro das atenções.

Autores

Portugal

Manuel Maria Barbosa Du Bocage

Antonio Diniz Cruz e Silva

Correia Garção

Marquesa de Alorna

Francisco José Feire, o Cândido Lusitano

Brasil

Santa Rita Durão

Cláudio Manuel da Costa

Basílio da Gama

Tomás Antônio Gonzaga

Inácio José de Alvarenga Peixoto

Manuel Inácio da Silva Alvarenga

Arcadismo no Brasil

Desenvolve-se no Brasil com o Arcadismo a primeira produção literária adaptada à vida da colônia, já que os temas estão ligados à paisagem local. Surgem vários autores do gênero em Minas Gerais, centro de riqueza na época. Embora eles não cheguem a criar um grupo nos moldes das arcádias, constituem a primeira geração literária brasileira.

A transição do Barroco para o Arcadismo se dá com a publicação, em 1768, do livro Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), um dos integrantes da Inconfidência Mineira. Entre os árcades se destacam ainda o português que viveu no Brasil e participou da Inconfidência Mineira, Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de Dirceu e Cartas Chilenas; Basílio da Gama (1741-1795), autor do poema épico O Uraguai; Silva Alvarenga (1749-1814), autor de Glaura; e Frei Santa Rita Durão (1722-1784), autor do poema épico Caramuru. Apesar do engajamento pessoal, a produção literária desses autores não está a serviço da política. A escola predomina até o início do século XIX, quando surge o Romantismo.

Gerais

Idéias Iluministas

Laicismo

Liberalismo

Carpe Diem

Antropocentrismo

Fugere Urbem

Bucolismo (vida bucólica = vida campestre, no campo)

Obs: Apesar do Arcadismo pregar que a vida feliz é a vida no campo e idolatrar a vida campestre e a natureza, o campo ainda é um plano de fundo, apenas. A maioria dos autores não deixam sua vida na cidade pela vida no campo.

Rifor formal

Revalorização da cultura clássica

Aurea Mediocritas

Convencionismo amoroso

Idealização do Sexo

Objetivismo

Sátira Política

Linguagem Simples

Uso dos Versos decassílabos, sonetos e outras formas clássicas

Presos à estética e à forma

Iluminismo


























Iluminismo ou Esclarecimento ou Ilustração (em alemão Aufklärung, em inglês Enlightenment, em italiano Illuminismo, em francês Siècle des Lumières, em espanhol Ilustración) designam uma época da história intelectual ocidental.

Definição

Ainda que importantes autores contemporâneos venham ressaltando as origens do Ilumunismo no século XVII tardio,[1] não há consenso abrangente quanto à datação do início da era do Iluminismo. Boa parte dos acadêmicos simplesmente utilizam o início do século XVIII como marco de referência, aproveitando a já consolidada denominação Século das Luzes . [2] O término do período é, por sua vez, habitualmente assinalado em coincidência com o início das Guerras Napoleônicas (1804-15).[3]

Iluminismo é um conceito que sintetiza diversas tradições filosóficas, correntes intelectuais e atitudes religiosas. Pode-se falar mesmo em diversos micro-iluminismos, diferenciando especificidades temporais, regionais e de matiz religioso, como nos casos de Iluminismo tardio, Iluminismo escocês e Iluminismo católico.

Immanuel Kant

Immanuel Kant

O uso do termo Iluminismo na forma singular justifica-se, contudo, dadas certas tendências gerais comuns a todos os iluminismos, nomeadamente, a ênfase nas idéias de progresso e perfectibilidade humana, assim como a defesa do conhecimento racional como meio para a superação de preconceitos e ideologias tradicionais.

O Iluminismo é, para sintetizar, uma atitude geral de pensamento e de ação. Os iluministas admitiam que os seres humanos estão em condição de tornar este mundo um mundo melhor - mediante introspecção, livre exercício das capacidades humanas e do engajamento político-social.[4] Immanuel Kant, um dos mais conhecidos expoentes do pensamento iluminista, num texto escrito precisamente como resposta à questão O que é o Iluminismo?, descreveu de maneira lapidar a mencionada atitude:

"O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do Iluminismo".[5]

As fases do Iluminismo

Frontispício da Encyclopédie (1772), desenhado por Charles-Nicolas Cochin e gravado por Bonaventure-Louis Prévost. Esta obra está carregada de simbolismo: a figura do centro representa a verdade – rodeada por luz intensa (o símbolo central do iluminismo). Duas outras figuras à direita, a razão e a filosofia, estão a retirar o manto sobre a verdade.

Frontispício da Encyclopédie (1772), desenhado por Charles-Nicolas Cochin e gravado por Bonaventure-Louis Prévost. Esta obra está carregada de simbolismo: a figura do centro representa a verdade – rodeada por luz intensa (o símbolo central do iluminismo). Duas outras figuras à direita, a razão e a filosofia, estão a retirar o manto sobre a verdade.

Os pensadores iluministas tinham como ideal a extensão dos princípios do conhecimento crítico a todos os campos do mundo humano.[6] Supunham poder contribuir para o progresso da humanidade e para a superação dos resíduos de tirania e superstição que creditavam ao legado da Idade Média. A maior parte dos iluministas associava ainda o ideal de conhecimento crítico à tarefa do melhoramento do estado e da sociedade.

Entre o final do século XVII e a primeira metade do século XVIII, a principal influência sobre a filosofia do iluminismo proveio das concepções mecanicistas da natureza que haviam surgido na sequência da chamada revolução científica do século XVII. Neste contexto, o mais influente dos cientistas e filósofos da natureza foi então o físico inglês Isaac Newton. Em geral, pode-se afirmar que a primeira fase do Iluminismo foi marcada por tentativas de importação do modelo de estudo dos fenômenos físicos para a compreensão dos fenômenos humanos e culturais.

No entanto, a partir da segunda metade do século XVIII, muitos pensadores iluministas passaram a afastar-se das premissas mecanicistas legadas pelas teorias físicas do século XVII, aproximando-se então das teorias vitalistas que eram desenvolvidas pelas nascentes ciências da vida.[7] Boa parte das teorias sociais e das filosofias da história desenvolvidas na segunda metade do século XVIII, por autores como Denis Diderot e Johann Gottfried von Herder, entre muitos outros, foram fortemente inspiradas pela obra de naturalistas tais como Buffon e Johann Friedrich Blumenbach.

Os Iluminismos Regionais

Alemanha

No espaço cultural alemão, um dos traços distintivos do Iluminismo (Aufklärung) é a inexistência do sentimento anti-clerical que, por exemplo, deu a tônica ao Iluminismo francês. Os iluministas alemães possuíam, quase todos, profundo interesse e sensibilidade religiosas, e almejavam uma reformulação das formas de religiosidade. O nome mais conhecido da Aufklärung foi Immanuel Kant. Outros importantes expoentes do iluminismo alemão foram: Johann Gottfried von Herder, Gotthold Ephraim Lessing, Moses Mendelssohn, entre outros.

Escócia

David Hume, retratado por Allan Ramsey, 1766.

David Hume, retratado por Allan Ramsey, 1766.

A Escócia, curiosamente um dos países mais pobres e remotos da Europa ocidental no século XVIII, foi um dos mais importantes espaços de produção de idéias associadas ao Iluminismo. Tendências que marcaram o Iluminismo Escocês foram o empirismo e o pragmatismo. Dentre os seus mais importantes expoentes destacam-se, entre outros: Adam Ferguson, David Hume, Francis Hutcheson, Thomas Reid, Adam Smith.

Estados Unidos

Nas colônias britânicas que formariam os futuros Estados Unidos da América, os ideais iluministas chegaram por importação da metrópole, mas tenderam a ser redesenhados com contornos religiosa e politicamente mais radicais. Idéias iluministas exerceram uma enorme influência sobre o pensamento e prática política dos chamados founding fathers (pais fundadores) dos Estados Unidos, entre eles:John Adams, Samuel Adams, Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, Alexander Hamilton e James Madison.

França

Voltaire, retratado por Nicolas de Largillière, 1718.

Voltaire, retratado por Nicolas de Largillière, 1718.

Na França, país de tradição católica mas onde as correntes protestantes, nomeadamente os huguenotes, também desempenharam um papel dinamizador, há uma tensão crescente entre as estruturas políticas conservadoras e os pensadores iluministas. Rousseau, por exemplo, originário de uma família huguenote e colaborador da Encyclopédie, foi perseguido e obrigado a exilar-se na Inglaterra. O conflito entre uma sociedade feudal e católica e as novas forças de pendor protestante e mercantil, irá culminar na Revolução Francesa. Madame de Staël, com o seu salão literário, onde avultam grandes nomes da vida cultural e política francesa, será aí uma grande referência.

Inglaterra

Na Inglaterra, a influência católica havia sido definitivamente afastada do poder político em 1688, com a Revolução Gloriosa. A partir de então, nenhum católico voltaria a subir ao trono - embora a Igreja da Inglaterra tenha permanecido bastante próxima do Catolicismo em termos doutrinários e de organização interna. Sem o controle que a Igreja exercia em outras sociedades, a exemplo da espanhola ou a portuguesa, é no Reino Unido que figuras como John Locke e Edward Gibbon dispõem da liberdade de expressão necessária ao desenvolvimento de suas idéias.

Espaço luso-brasileiro

Marquês de Pombal.

Marquês de Pombal.

Em Portugal, uma figura marcante desta época foi o Marquês de Pombal. Tendo sido embaixador em Londres durante 7 anos (1738-1745), o primeiro-ministro de Portugal ali teria recolhido as referências que marcaram a sua orientação como primeiro responsável político em Portugal. O Marquês de Pombal foi um marco na história portuguesa, contrariando o legado histórico feudal e tentando por todos os meios aproximar Portugal do modelo da sociedade inglesa. Entretanto, Portugal mostrara-se por vezes hostil à influência daqueles que em Portugal eram chamados pejorativamente de estrangeirados - fato pretensamente relacionado à influência Católica. Também ao longo do século XVIII, o ambiente cultural português permanecera pouco dinâmico, fato nada surpreendente num país onde mais de 80% da população era analfabeta.

Nas colônias americanas do Império Português, foi notável a influência de ideais iluministas sobre os escritos econômicos tanto de José de Azeredo Coutinho quanto de José da Silva Lisboa. Também se podem considerar como "iluministas" diversos dos intelectuais que participaram de revoltas anti-coloniais no final do século XVIII, tais como Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga.

Impacto

Declaracão dos Direitos Humanos, França, 1789, um dos muitos documentos políticos produzidos no século XVIII sob a inspiração do ideário iluminista

Declaracão dos Direitos Humanos, França, 1789, um dos muitos documentos políticos produzidos no século XVIII sob a inspiração do ideário iluminista

O Iluminismo exerceu vasta influência sobre a vida política e intelectual da maior parte dos países ocidentais. A época do Iluminismo foi marcada por transformações políticas tais como a criação e consolidação de estados-nação, a expansão de direitos civis, e a redução da influência de instituições hierárquicas como a nobreza e a igreja.

O Iluminismo forneceu boa parte do fermento intelectual de eventos políticos que se revelariam de extrema importância para a constituição do mundo moderno, tais como a Revolução Francesa, a Constituição polaca de 1791, a Revolução Dezembrista na Rússia em 1825, os movimento de independência na Grécia e nos Balcãs, bem como, naturalmente, os diversos movimentos de emancipação nacional ocorridos no continente americano a partir de 1776.

Muitos autores associam ao ideário iluminista o surgimento das principais correntes de pensamento que caracterizariam o século XIX, a saber, liberalismo, socialismo, e social-democracia.

Iluministas notáveis

(ordenados por ano de nascimento)

Bento de Espinosa (1632–1672), filósofo neerlandês, com ascendência judaica portuguesa. É considerado o precursor das correntes mais radicais do pensamento iluminista. Escrito mais importante: Tratado Teológico-Político (1670).

Jonh Locke (1632 - 1704), filósofo inglês. Escritos mais importantes: Ensaio sobre o entendimento humano (1689); Dois tratados sobre governo (1689).

Montesquieu (Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu) (1689-1755), filósofo francês. Notabilizou-se pela sua teoria da separação dos poderes do estado(Legislativo, executivo e judiciario), a qual exerceu importante influência sobre diversos textos constitucionais modernos e contemporâneos. Escrito mais importante: O espírito das leis (1748).

Voltaire (codinome de François-Marie Arouet)(1694-1778), Defendia uma monarquia esclarecida.Filósofo francês, era déista(acreditava que para chegar a Deus não era preciso a igreja, e sim a razão). Notabilizou-se pela sua oposição ao pensamento religioso e pela defesa da liberdade intelectual. Escritos mais importantes: Ensaio sobre os costumes (1756); Dicionário Filosófico (1764)Cartas Inglesas.

Benjamin Franklin (1706-1790), político, cientista e filósofo estadunidense. Participou ativamente dos eventos que levaram à independência dos Estados Unidos e da elaboração da constituição de 1787.

Buffon (Georges-Louis Leclerc, conde de Buffon) (1707-1788), naturalista francês. A sua principal obra, A história natural, geral e particular (1749–1778; 36 volumes), exerceu capital influência sobre as concepções de natureza e história dos autores do Iluminismo tardio.

David Hume (1711-1776), filósofo e historiador escocês.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo francês. Escrito mais importante: O Contrato Social.

Denis Diderot (1713-1784), filósofo francês. Co-organizador da famosa Encyclopédie. Também se dedicou à teoria da literatura e à ética trabalhista.

Denis Diderot, retratado por Louis-Michel van Loo, 1767.

Denis Diderot, retratado por Louis-Michel van Loo, 1767.

Adam Smith (1723-1790), economista e filósofo escocês. O seu escrito mais famoso é A Riqueza das Nações.

Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão. Fundamentou sistematicamente a filosofia crítica, tendo realizado investigações também no campo da física teórica e da filosofia moral.

Gotthold Ephraim Lessing (1729–1781), dramaturgo e filósofo alemão. É um dos principais nomes do teatro alemão na época moderna. Nos seus escritos sobre filosofia e religião, defendeu que os fiéis cristãos deveriam ter o direito à liberdade de pensamento.

Edward Gibbon (1737–1794), historiador inglês.

Laicismo

O laicismo é uma doutrina filosófica que defende e promove a separação do Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em matéria religiosa. Não deve ser confundida com o ateísmo de Estado.

Os valores primaciais do laicismo são a liberdade de consciência, a igualdade entre cidadãos em matéria religiosa, e a origem humana e democraticamente estabelecida das leis do Estado.

Esta corrente surge a partir dos abusos que foram cometidos pela intromissão de correntes religiosas na política das nações e nas Universidades pós-medievais. A afirmação de Max Weber de que "Deus é um tipo ideal criado pelo próprio homem", demonstra a ânsia por deixar de lado a forte influência religiosa percebida na idade média, em busca do fortalecimento de um Estado laico. O laicismo teve seu auge no fim do século XIX e no início do século XX.

A palavra laico é um adjetivo que significa uma atitude crítica e separadora da interferência da religião organizada na vida pública das sociedades contemporâneas. Politicamente podemos dividir os países em duas categorias, os laicos e não laicos, em que nos países politicamente laicos a religião não interfere directamente na política, como é o caso dos países ocidentais em geral. Países não laicos são teocráticos, e a religião tem papel ativo na política e até mesmo constituição, como é o caso do Irão e do Vaticano, entre outros.

Esta visão política está relacionada à laicidade e laicismo e ao secularismo.

Liberalismo

O liberalismo pode ser:

Anarco-capitalismo

Liberalismo econômico

Liberalismo clássico

Liberalismo Social

Libertarianismo

Neoliberalismo

Carpe diem

Carpe diem.

Carpe diem.

Carpe Diem é uma frase em Latim de um poema de Horacio, e é popularmente traduzida para colha o dia ou aproveite o momento. É também utilizado como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro.

Origem

Esta expressão pode ser encontrada em "Odes" (I, 11.8) do poeta romano Horácio (65 - 8 AC), onde se lê:

Carpe diem quam minimum credula postero

Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi

finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios

temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.

seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,

quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare

Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi

spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida

aetas: carpe diem quam minimum credula postero.

Colha o dia, confia o mínimo no amanhã

Não perguntes, saber é proibido, o fim que os deuses

darão a mim ou a você, Leuconoe, com os adivinhos da Babilônia

não brinque. É melhor apenas lidar com o que cruza o seu caminho

Se muitos invernos Jupiter te dará ou se este é o último,

que agora bate nas rochas da praia com as ondas do mar

Tirreno: seja sábio, beba seu vinho e para o curto prazo

reescale suas esperanças. Mesmo enquanto falamos, o tempo ciúmento

está fugindo de nós. Colha o dia, confia o mínimo no amanhã.

Em suma, o "espírito" da frase pode ser entendido como aproveitar as oportunidades que a vida lhe oferece no momento em que elas se apresentam ou ainda "aproveitar a vida e não ficar apenas pensando no futuro".

Na literatura

Esta idéia foi popular na poesia inglesa nos séculos XVI e XVII, por exemplo, no livro de Robert Herrick, "To the Virgins", na poesia "to Make Much of Time" (para aproveitar o tempo ao máximo), que lê:

"Gather ye rosebuds while ye may

Colha seus botões de rosa enquanto podes).

Também interessantes são os versos atribuídos a um poeta chinês, da dinastia Tang, conhecedor de provérbios bastante parecidos com o que escreveu Herrick:

花開堪折直須折,莫待無花空折枝。

colha a flor quando florescer; não espere até não haver mais flores, só galhos a serem quebrados

O Carpe Diem também está fortemente presente como característica marcante da escola árcade. A retomada à cultura greco-romana implica na presença desse lema árcade. A certeza da fugacidade do tempo e o apelo à fruição imediata dos prazeres, " Colha o dia". Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã. Percebemos a presença desse lema em um trecho das Liras de Marília de Dirceu de Tomás Antônio Gonzaga:

Que havemos de esperar, Marília bela?

que vão passando os florescentes dias?

As glórias que vêm tarde já vêm frias,

e pode, enfim, mudar-se a nossa estrela.

Ah! não, minha Marília,

aprovei-te o tempo, antes que faça

o estrago de roubar ao corpo as forças,

e ao semblante a graça!

No Cinema

O professor, personagem de Robin Williams no filme "A Sociedade dos Poetas Mortos", utiliza-a assim: "Mas se você escutar bem de perto, você pode ouvi-los sussurar o seu legado. Vá em frente, abaixe-se. Escute, está ouvindo? - Carpe - ouve? - Carpe, carpe diem, colham o dia garotos, tornem extraordinárias as suas vidas."

Na Musica

A banda Metallica, no seu lançamento de 1997, "Reload", apresentou uma música "Carpe Diem Baby", que encoraja o ouvinte a "espremer e chupar o dia" (come squeeze and suck the day / Come Carpe Diem Baby).

A banda Dream Theater, em seu EP A Change of Seasons, presta uma homenagem à filosofia do Carpe Diem com sua música-título do disco, de 23:06 minutos, incluindo na letra trechos de falas do filme Sociedade dos Poetas Mortos.

A banda japonesa Yellow Generation possui um CD chamado Carpe Diem,onde a música chamada "Carpe Diem/Ima,kono Shuukan wo ikiru" (Carpe Diem/Agora,vamos viver este momento). No começo do refrão, a frase usada é To the Virgins, to Make Much of Time 命短し恋せよ乙女 (To the Virgins, to Make much of time, Inochi mijikashi, koiseyo otome) (Para as virgens, para aproveitarem o tempo, a vida é curta, portanto, se apaixonem, garotas)

A banda francesa de rock progressivo Carpe Diem

Antropocentrismo

O antropocentrismo (do grego άνθρωπος, anthropos, "humano"; e κέντρον, kentron, "centro") é uma concepção que considera que a humanidade deve permanecer no centro do entendimento dos humanos, isto é, o universo deve ser avaliado de acordo com a sua relação com o homem.

O termo tem duas aplicações principais. Por um lado, trata-se de um lugar comum na historiografia qualificar como antropocêntrica a cultura renascentista e moderna, em contraposição ao suposto teocentrismo da Idade Média. A transição da cultura medieval à moderna é frequentemente vista como a passagem de uma perspectiva filosófica e cultural centrada em Deus a uma outra, centrada no homem – ainda que esse modelo tenha sido reiteradamente questionado por numerosos autores que buscaram mostrar a continuidade entre a perspectiva medieval e a renascentista.

Por outro lado, e em um contexto moderno, se denomina antropocentrismo às doutrinas ou perspectivas intelectuais que tomam como único paradigma de juízo as peculiaridades da espécie humana, mostrando sistematicamente que o único ambiente conhecido é o apto à existência humana, e ampliando indevidamente as condições de existência desta a todos os seres inteligentes possíveis.

O antropocentrismo, nesse sentido, pode tomar um aspecto cultural — como na representação, típica na ficção científica da Era de Ouro — do ser humano como excepcional entre as espécies inteligentes, como evidenciado nas ingênuas representações dos extraterrestres como vagamente humanóides.

Esta situação deu origem a uma extensa discussão acerca do chamado principio antrópico — que, simplificadamente, postula que os valores possíveis para as constantes físicas universais estão de fato restritos àqueles que permitem a existência da espécie humana, ainda que não haja limitação de princípio para que assim seja —, e acerca da teoria do desenho inteligente, que utiliza esta limitação para afirmar que é evidente o desígnio de uma inteligência superior, artífice da ordem do universo.

Fugere urbem

Fugere urbem é uma expressão em latim que significa "fugir da cidade". Foi adotado como lema pela literatura árcade para simbolizar o poeta literário que se desloca da vida agitada e corrida da cidade e vai para a calma zona rural

Bucolismo

Bucolismo é o termo utilizado para designar uma espécie de poesia pastoral, que descreve a qualidade ou o caráter dos costumes rurais, exaltando as belezas da vida campestre e da natureza.

Manuel Maria Barbosa du Bocage

Bocage

Bocage

Manuel Maria Barbosa du Bocage

Nascimento

15 de setembro de 1765
Setúbal

Falecimento

21 de dezembro de 1805
Lisboa

Nacionalidade

Portugal

Ocupação

Poeta

Escola/tradição

Arcadismo, Pré-Romantismo

Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage (Setúbal, 15 de Setembro de 1765Lisboa, 21 de Dezembro de 1805), poeta português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Embora ícone deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX.

Era primo em segundo grau do zoólogo José Vicente Barbosa du Bocage.

Vida

Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765, falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805, era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era francês.

Estátua de Bocage em Setúbal

Estátua de Bocage em Setúbal

Sua mãe era segunda sobrinha da célebre poetisa francesa, madame Marie Anne Le Page du Bocage, tradutora do "Paraíso" de Milton, imitadora da "Morte de Abel", de Gessner, e autora da tragédia "As Amazonas" e do poema épico em dez cantos "A Columbiada", que lhe mereceu a coroa de louros de Voltaire e o primeiro prémio da academia de Rouen.

Apesar das numerosas biografias publicadas após a sua morte, boa parte da sua vida permanece um mistério. Não se sabe que estudos fez, embora se deduza da sua obra que estudou os clássicos e as mitologias grega e latina, que estudou francês e também latim. A identificação das mulheres que amou é duvidosa e discutível.

A sua infância foi infeliz. O pai foi preso por dívidas ao Estado quando ele tinha seis anos e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando tinha dez anos. Possivelmente ferido por um amor não correspondido, assentou praça como voluntário em 22 de Setembro de 1781 e permaneceu no Exército até 15 de Setembro de 1783. Nessa data, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. No final do curso desertou, mas, ainda assim, aparece nomeado guarda-marinha por D. Maria I.

Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa.

Em 14 de Abril de 1786, embarcou como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que chegou ao Rio de Janeiro em finais de Junho. Na cidade, viveu na actual Rua Teófilo Otoni, e diz o "Dicionário de Curiosidades do Rio de Janeiro" de A. Campos - Da Costa e Silva, pg 48, que "gostou tanto da cidade que, pretendendo permanecer definitivamente, dedicou ao vice-rei uma poesia-canção cheia de bajulações, visando atingir seus objectivos. Sendo porém o vice-rei avesso a elogios, fê-lo prosseguir viagem para as Índias". Fez escala na Ilha de Moçambique (início de Setembro) e chegou à Índia em 28 de Outubro de 1786. Em Pangim, frequentou de novo estudos regulares de oficial de marinha. Foi depois colocado em Damão, mas desertou em 1789, embarcando para Macau.

Foi preso pela inquisição, e na cadeia traduziu poetas franceses e latinos.

A década seguinte é a da sua maior produção literária e também o período de maior boémia e vida de aventuras.

Já Bocage não sou!…
À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento…
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.
(…)

Bocage

Ainda em 1790 foi convidado e aderiu à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. Mas passado pouco tempo escrevia já ferozes sátiras contra os confrades. Em 1791, foi publicada a 1.ª edição das “Rimas”.

Dominava então Lisboa o Intendente da Polícia Pina Manique que decidiu pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797 dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Ficou preso no Limoeiro até 14 de Novembro de 1797, tendo depois dado entrada no calabouço da Inquisição, no Rossio. Aí ficou até 17 de Fevereiro de 1798, tendo ido depois para o Real Hospício das Necessidades, dirigido pelos Padres Oratorianos de São Filipe Neri, depois de uma breve passagem pelo Convento dos Beneditinos. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor. Só saiu em liberdade no último dia de 1798.

De 1799 a 1801 trabalhou sobretudo com Frei José Mariano da Conceição Veloso, um frade brasileiro, politicamente bem situado e nas boas graças de Pina Manique, que lhe deu muitos trabalhos para traduzir.

A partir de 1801, até à morte por aneurisma, viveu em casa por ele arrendada no Bairro Alto, naquela que é hoje o n.º 25 da travessa André Valente.

15 de Setembro, data de nascimento do poeta, é feriado municipal em Setúbal.

Filmes e séries

Em 2006 a história de Bocage foi adaptada para a TV numa mini-série produzida pela RTP e protagonizada por Miguel Guilherme.

Biobibliografia

Couto, António Maria do. Memorias sobre a vida de Manuel Maria Barbosa de Bocage;

Silva, José Maria da Costa e. Vida de M. M. B. du B. por Silva (in tomo IV das Poesias publicadas por Marques Leão);

Felner, Rodrigo José de Lima. Biographia (in Panorama, vol. IX, 1846);

Castilho, José Feliciano de. Noticia da vida e obras de M. M. de B. du B.;

Silva, Rebelo da. Memoria biographica e litteraria àcerca de M. M. de B. du B.;

Estudo biographico e litterario (in edição completa das Poesias de Bocage, feita, em 1853);

Panorama, tomo X, 1853;

Xavier, F. N. Os documentos para a biographia de M. M. de B. du B. (in Archivo Universal);

Braga, Teófilo. Bocage;

Gonçalves, Adelto. Bocage, o perfil perdido. Lisboa, Editorial Caminho, 2003. ISBN 972-21-1561-8;

Aranja, Álvaro. Bocage, a Liberdade e a Revolução Francesa. Setúbal, Centro de Estudos Bocageanos, 2003.

Ligações externas

Bocage — poesias eróticas e satíricas

Biografia

Bibliografia

Bocage, o desbocado; Bocage, o desbancado, de Glauco Mattoso

Bocage, na Biblioteca Nacional

Autoretrato do Bocage - Soneto da autoderisão

Centro de Estudos Bocageanos

António Dinis Cruz e Silva

Nasceu em Lisboa em 1731 e morreu em 1799. Fundador da Arcádia Lusitana.

Foi magistrado do Reino na cidade do Rio de Janeiro.

As desavenças entre o Bispo de Elvas e o deão da Sé inspiraram-lhe o poema heróico O hissope, obra-prima do gênero na literatura portuguesa.

Curiosamente, foi Cruz e Silva o juiz no inquérito que levou à condenação os réus da Inconfidência Mineira.

Pedro António Correia Garção

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Pedro Antônio de Correia Garção, poeta português, nasceu em 1724 e morreu em 1772. Não terminou os estudos na Universidade de Coimbra. Exerceu o cargo de escrivão na casa da Índia. A sua atenção pública e literária apresentou-se mais ou menos obscura. Pouco a pouco antes de morrer incompatibilizou-se com o Marquês de Pombal.

A esposa, D. Maria Ana Xavier Fróis Mascarenhas de Xande Salema, troxe-lhe avultados bens, desaparecidos, mais trade, em litigio judiciais. A perda da fortuna não representou a sua única desgraça; ocorreu-lhe a prisão, a principio em segredo; após na sala livre. Quando, graças à dedicação da mulher, ia ser solto, faleceu. A causa até hoje não está devidamente averiguada. Supuseram que fosse o poemeto ao infante D. Pedro não consentindo que se levantasse uma estátua, no qual se quis ver uma crítica ao fato de haver o Marquês de pombal mandado colocar o seu medalhão no monumento a D. Pedro I. A hipótese é inaceitavel porque o encarceramento ocorreu em 1771 e a estátua data de 1775. Outros atribuiram o caso a uma aventura amorosa com a filha de um intendente escocês Macbean, de cuja hospitalidade teria abusado; contudo, nada se esclareceu e a imaginação pode elaborar livremente qualquer fantasia.

Obra

A obra de Correia Gração abrange múltiplos aspectos, ressaltando a sua atividade de legítimo teórico e orientador do Classicismo. Cultivou a sátira horaciana e foi exelente metrificador. Discutia se no teatro devia ou não ser derramado sangue em cena, preferindo eloquentes narrativas. Preconizou a imitação, mas com critério seletivo:

"Imite-se a pureza dos antigos Mas sem escravidão, com gosto livre, Com polida dicção, com frase nova, Que a fez, ou adotou a nossa idade. Ao tempo estão sujeitas as palavras; Umas se fazem velhas, outras nascem: Assim vemos a fertil primavera, Encher de folhas ao robusto tronco, A quem despiu o inverno desabrido."

O Teatro Novo, peça teatral de restrito interesse, vale como importante documento para a história das idéias sobre teatro. Na casa de Aprígio Fafes, expõem se as mais diversas opiniões: Gil Leinel, que ventila as idéias do autor, prefere o teatro dos antigos, exaltando a sua finalidade educativa. Brás acha que só o riso deve ser o objetivo; a comédia, portanto; Jofre defende o teatro lírico, à moda italiana, sem o português, acrescida do elemento coreográfico. Branca aprecia, mais o teatro de Antônio José.

A Assembléia ou Partido, comédia de costumes, caricatura o gosto imoderado do luxo. Brás Carril, para atender à esposa, resolve fazer, em casa, uma reunião, assembléia, pedindo emprestado o dinheiro necessário e todos os objetos indispensáveis, desde o piano ao castiçal. Escrivão e meirinho entram com o intuito de penhorar dos bens. Três casamentos, os de duas filhas e o de um filho, cujos futuros sogros se dispõem a pagar as dívidas, salvam a situação. Malfalda, a noiva do rapaz no decorrer da partida, recita a Cantata de Dido inspirada em Virgílio, no dizer de Garret: "Umas das mais sublimes concepções do engenho humano, das mais perfeitas obras executadas da mão do homem ".

Leonor de Almeida Portugal

A Marquesa de Alorna.

A Marquesa de Alorna.

Leonor de Almeida Portugal, filha de D. João de Almeida Portugal, conde de Assumar, conhecida ainda como D. Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre e como a poeta "Alcipe", nasceu em Lisboa em 31 de outubro de 1750 e morreu em 11 de outubro de 1839 em Benfica, na mansão do neto, veador honorário da Fazenda (Finanças) da Casa Real, Marquês de Fronteira, D. José Trazimundo Mascarenhas Barreto Palha.

Índice

[esconder]

1 Títulos

2 Nascimento e Juventude

3 Casamento

4 No Porto, em Viena

5 Viuvez e retiro; o exílio

6 Retorno a Lisboa e novo exílio

7 Obra

8 Posteridade

9 Bibliografia

Títulos

D. Leonor, aquando da sua morte, somava os título de Donatária de Assumar(6ª), condessa de Assumar (7ª), Marquesa de Alorna (4ª) - sucedendo ao irmão, o terceiro Marquês de Alorna e quinto Conde de Assumar, D. Pedro, devido ao seu falecimento em 1813, nos títulos a 26 de outubro de 1823 -, Morgada de Vale de Nabais (5ª), Dama das Ordens de Santa Isabel de Portugal e da Cruz Estrelada da Áustria, Comendadora da Ordem de São João de Jerusalém, Dama de honra de D. Carlota Joaquina, da Sereníssima Regente Infanta D. Isabel Maria de Bragança e da Rainha D. Maria II de Portugal. Foi, na Áustria, Condessa de Oyenhausen-Granvensburgo.

Nascimento e Juventude

Maçon, era filha do 2º Marquês de Alorna D. João de Almeida Portugal e sua família foi perseguida pelo marquês de Pombal por ter parentesco com os Távoras. Reclusa em Chelas de 1758 a 1777. Esteve no exílio de 1803 a 1814. Teve uma infância atribulada, pois aos 8 anos foi encerrada como prisioneira com a mãe e a irmã no convento de São Félix em Chelas, estando seu pai preso e encarcerado na Torre de Belém e depois no forte da Junqueira, suspeito de conhecimento do crime dos Távoras. Na verdade, segundo informa Hernâni Cidade em Marquesa de Alorna, Poesias, «era acusado de ter emprestado uma espingarda caçadeira a um dos conjurados.»

Pombal ordenara a prisão dados os laços de parentesco que ligava os Alorna com a família dos Marqueses de Távora. 0 infortúnio durou dezoito anos, findos os quais, por morte de el-rei D. D. José, sua filha a rainha D. Maria I, subindo ao trono, mandou libertar os prisioneiros do Estado. Alguns, porém, não quiseram usar da liberdade sem que primeiro fosse proclamada sua inocência, como seu pai.

Em Chelas passou a primeira quadra da vida, com a mãe e a irmã, entregando-se ao estudo das obras de Rousseau, Voltaire, Montesquieu, Pierre Bayle e até a Enciclopédia de D'Alembert e Diderot, à composição de poesias que alcançaram grande fama e que figuraram nas suas obras completas com o titulo de Poesias de Chelas. Estavam em voga os chamados outeiros pela corte, e principalmente pelos conventos, e além dos sócios da Arcádia, havia bons poetas, entre os quais se distinguia Francisco Manuel do Nascimento, com o nome Filinto Elísio. Este poeta, com alguns amigos, começou a ir ao convento de Chelas, recitando versos, pedindo motes às freiras, esperando encontrar D. Leonor de Almeida e ouvi-la na grade. Com efeito a jovem apareceu, brilhou e confundiu os admiradores do seu talento.

«Data destes encontros o nome de Alcipe, com que eles a celebraram, assim como o de Daphne, que deram a sua irmã, D. Maria de Almeida. Era permitido e tolerado em todos os conventos, nessa época, quando alguma senhora, freira ou secular, se via gravemente enferma, e algum parente insuspeito a queria visitar, como pai, irmão ou filho, tomar o lugar dum dos criados do convento, e conduzir à cela da enferma qualquer coisa que por outra pessoa não conviesse que fosse levada. Achava-se a Marquesa muito doente, e vinha para lhe falar o filho D. Pedro de Almeida Portugal, depois 3º Marquês de Alorna; D. Leonor, vendo o irmão chegar à portaria, e estando ali o aguadeiro com o barril, fez com que pusesse o barril às costas, e assim fosse encontrar-se com sua mãe. Havia, porém, a circunstância desta senhora ser presa do Estado, o que causou grande impressão, havendo denuncia para o arcebispo de Lacedemónia. O prelado obrigou D. Leonor a não sair da cela, determinando-lhe que cortasse os cabelos e se vestisse de cor honesta. D. Leonor não fez caso desta O, e quando o arcebispo voltou, ameaçou-a com o Marquês de Pombal, ao que a poetisa respondeu com altivez que não era professa. O arcebispo conteve-se, e desistiu de a apoquentar. Seu pai enviava-lhes com dificuldade cartas escritas com seu sangue, a que a jovem começou a responder, desde que completou 11 anos de idade, em consequência da enfermidade da mãe. Houve um momento em que mostrou desejos de professar, pelo desgosto inaudito que sofreu, vendo que tinha perdido uma das cartas de seu pai; chegou a fazer os exercidos espirituais de Santo Inácio de Loiola, que em lugar de dez dias, segundo a prática, foram de 20. Dissuadiu-a do propósito frei Alexandre da Sagrada Família, tio de Almeida Garrett, e que depois foi bispo de Malaca e bispo de Angra. Apesar dos seus trabalhos artísticos e literários, porque D. Leonor entregava-se também à pintura, podia se dedicar ao serviço de enfermeira, de refeitoreira e de organista do convento. Conhecia a fundo varias línguas, tinha uma vasta instrução científica, desenhava e pintava admiravelmente, sem desdenhar ao mesmo tempo as prendas próprias do seu sexo. Era de carácter afável, sabia amenizar com a sua meiguice e candura as amarguras da mãe, tornara-se querida de todas as religiosas.»

Quando o marquês, seu pai, saiu da prisão, dirigiu-se ao convento, onde na grade o esperavam sua mulher e filhas, acompanhadas de parentes, para o cumprimentarem. Foram viver para a Quinta de Vale de Nabais, nas proximidades de Almeirim e depois em Lisboa. D. Leonor era o encanto da sociedade, seu talento elevado, espírito finíssimo e puramente aristocrata, o prestigio do infortúnio que sofrera, a audácia de ter afrontado as iras de Pombal, a tornavam digna da consideração e respeito.

Saiu do convento aos vinte e sete anos «em situação moral demasiadamente penosa para que sua poesia pudesse ser o risonho passa-tempo da época», diz Hernâni Cidade. Sobretudo, viveu quase toda a poesia realizada na prisão de Chelas.» «Bem mais interessantes são as composições poéticas em que, senão ainda com uma expressão romântica, ao menos com romântica sensibilidade a acentuar-se mais e mais, nos dá as impressões da sua vida conventual».´«E é grato reconhecer - grato e surpreendente! - que, no coletivo abastardamento que tanta vez transforma a lira dos poetas em rabeca de mendigos cegos, da de Alcipe jamais se elevasse um acento de súplica ao ministro que a sequestrava. Altivez que radicou nos contemporâneos impressão que floriu em lenda. Segundo ela, quando o arcebispo de Lacedemona, criatura de Pombal, lhe comunicava a indignação do ministro por ter facilitado, sem respeito pelo estatuto claustral, a visita do irmão disfarçado em aguadeiro à mãe enferma, repondeu altivamente com dois versos de Corneille: 'Le cœur d'Eléonore est trop noble et trop franc pour craindre ou respecter le bourreau de son sang". Ou seja: «O coração de Leonor é nobre demais e franco demais para temer ou respeitar o carrasco de seu sangue».

Casamento

Casou em Lisboa em 15 de fevereiro de 1779 com Carlos (Pedro Maria José) Augusto (3 de janeiro de 1739-3 de março de 1793) Conde de Oyenhausen-Groewenbourg na Austria e Conde do Sacro Império Romano, filho de Frederico Ulperico Conde de Oyenhausen-Groewenbourg no Sacro Império Romano e de D. Frederica Guilhermina de Lorena. Gentil-Homem do rei Jorge II da Inglaterra. Ajudante de Campo junto do General Sporch das forças de Hanover destacadas na Inglaterra. Fez a Guerra dos Sete Anos no exército do Príncipe Fernando de Brunswick; ajudante-general junto do Príncipe de Anhalt Bernbourg. General em chefe das tropas de Hesse-Cassel. Ao serviço do landgrave Frederico Guilherme em diversas negociações em Viena, Haia, Berlim, onde assinou como plenipotenciário o contrato d casamento do Landgrave com a princesa de Brandemburgo, sobrinha do rei da Prússia. Passou ao serviço de D. Maria I de Portugal em setembro de 1777 com a patente de brigadeiro. Nomeado em 1780 Ministro Plenipotenciário em Viena. Marechal-de-campo em 1789.. Tenente-General, Inspetor Geral da Infantaria em 1792. Do Conselho de Estado de D. Maria I; nomeado Governador das armas do Algarve, morreu antes de ocupar o cargo. Era comendador, na Ordem de Cristo, de São João de Vila Meã e de França.

Enamorada do fidalgo hanoveriano, o conde Carlos Augusto de Oeynhausen, que viera a Portugal com o primo co-irmão, o Conde-Reinante de Schaumbourg-Lippe, contratado em 1762 por Pombal para organizar e comandar o exército, ele, para a desposar, não duvidou converter-se.

Casaram em 15 de fevereiro de 1779, sendo madrinha a rainha e padrinho D. Pedro III de Portugal. O Conde foi armado cavaleiro da Ordem militar de Cristo em cerimónia a que assistiu a corte. A rainha deu-lhe o abraço ou acolada, o Rei pôs-lhe o cinturão e tocou-o com a espada nua, D. José e D. João ajudaram os reis, seus pais, na investidura.

No Porto, em Viena

Tendo o comando do 6º regimento de infantaria, com sede no Porto, Oeynhausen foi residir naquela cidade. Mais tarde foi nomeado ministro plenipotenciário de Portugal em Áustria; partiram para Viena por terra, ficando a filha com a avó. Demoraram-se nas cortes de Espanha e de França, sendo a condessa recebida pelos reis Carlos III de Espanha e Luís XVI de França. Conheceu os Necker e sua prestigiosa filha, Madame de Stael. Chegando a Viena, ganhou as simpatias da imperatriz Maria Teresa e do seu sucessor, D. José II, que a nomeou Dama da Cruz Estrelada. Quando o Papa Pio VI foi visitar o imperador, também teve a honra de ser recebida pelo papa.

Tornou-se notável em Viena como poetisa e pintora. Mandou para Lisboa, ao pai, o quadro da Soledade; o quadro Amor conjugal oferecido à princesa D. Maria Benedita, ardeu no incêndio do paço de Ajuda. Pintou outros, seu retrato e uma copia da Sybilla de Guido Reni. A maior parte, hoje perdidos. Sua saúde não se deu bem com o clima da Áustria; como os negócios de sua casa reclamavam a sua presença, Oeynhausen voltou para Lisboa, sendo nomeado inspector-Geral da infantaria com o posto de tenente-general. Estava nomeado governador do Algarve ao morrer a 3 de março de 1793, aos 54 anos.

Viuvez e retiro; o exílio

D. Leonor retirou-se com os filhos para suas propriedades de Almeirim, e outras em Almada. Entregou-se à educação dos filhos, estimada pelos benefícios que dispensava aos pobres; em Almeirim, pagava a uma mestra para ensinar as raparigas da vila e das povoações vizinhas a ler, escrever, coser. Foi nomeada dama de honor da rainha D. Carlota Joaquina e encarregada de elaborar os desenhos para a decoração do paço da Ajuda, o que não executou.

Morto o pai em 1802, partiu para Madrid e para a Inglaterra, onde se demorou, por ter tido notícia da entrada dos franceses em Portugal e da fuga da família Real. Frequentava casas inglesas e a do embaixador de Portugal D. Domingos de Sousa Coutinho, Conde do Funchal. Participou do assassinato de um general francês: Henry Forestier

Retorno a Lisboa e novo exílio

Voltou em 1809; sua situação tornava-se critica: o irmão, D. Pedro, partira para a França no comando da Legião Portuguesa, e apesar de ter mandado seu filho para o Rio de Janeiro, os governadores do reino a intimaram para partir.

Ficou na Inglaterra até 1813, quando faleceu D. Pedro de Almeida; obtendo licença para regressar, vindo residir para Benfica, na casa do neto, o Marquês de Fronteira D. José Trazimundo de Mascarenhas Barreto. Ao fim de dez anos conseguiu a reabilitação da memória do irmão, condenado como traidor à pátria; passou a usar do título de 4ª Marquesa de Alorna, e 6ª condessa de Assumar, como herdeira do irmão.

Regressando do exilio, reivindicou em 1815 por morte do irmão o título e os vínculos por ele deixados. Seus biografos descrevem-na vivendo no palácio da Anunciada e nas quintas d Almada e Almeirim - ocultam sua ignorância em saber administrar seus bens, as privações sofridas, situação de grande penúria por vezes, o que é difícil crer, pois tinham duas quintas e recebiam do Erario Real a pensão d 12 mil cruzados por serviços do pai.

D. José Trazimundo em suas «Memorias» diz:

«Minha avó passava mais facilmente sem dinheiro do que sem banqueiro. Nunca conseguiu ter cinco moedas juntas mas desde que foi senhora da Casa nunca dispensou um banqueiro. Minha avó e tias tomaram uma parte do palácio do Lavra, à Anunciada; grande loucura, porque não tinham fortuna para se estabelecerem tão ostentosamente. Muitas vezes meu bom tio, o Marquês de Aracati, se dirigiu a mim para que eu a socorresse de sua casa. (...) Cumpria à risca os ditames da lei da nobreza - maneiras pomposas, gênio caritativo, prodigalidade em benefícios e favores". As receitas eram pequenas, as despesas enormes. Devia saber que a sua avó, a primeira marquesa, Vice-Rainha da India, quando enviuvou do marido (sic!) achou a Casa tão empenhada que foi preciso que D. José « em Provisão nomeasse Inácio Pedro Quintela "administrador de todas as suas dependências, interesses e total economia». E porque se achavam apreendidos quase todos os bens e rendimentos por execuções e posses de credores, sendo a maior a Santa Casa da Misericórdia e ocorriam novas penhoras de maneira a dificultar a congruente porção para em cada mês se assistir à Marquesa e suas filhas e também a D. Pedro de Almeida com o decente tratamento, mestres para sua educação e mais gastos necessários, procuradores para as dependências da Casa, culturas das Fazendas de Almeirim, etc. «mandava-se que houvesse um cofre onde se arrecadassem todas as rendas e separados os alimentos, à proporção das mesmas Rendas e das dividas se rateasse o resto pelos credores pela sua antiguidade. Mas apesar das providências de Quintela («e ser êle considerado por todos de boa fé e notória probidade») os rendimentos foram tão diminutos que D José por outra provisão autorizava o pagamento dos credores «com os rebates que se ajustassem» para poder-se conseguir o desempenho da Casa. Depois sucedeu a aventura do 2° Marquês, sua prisão no forte da Junqueira, o confisco dos bens, etc.»

O título de Conde de Assumar não foi renovado, e desde o titulo de Alorna ficou ligado ao titulo de Fronteira. Depois da morte do filho, o Conde de Oeynhausen D. Carlos Ulrico, em 14 de agosto de 1822, a condessa ficou vivendo em tristeza, e poucas vezes saía do retiro. Só compareceu na abertura real das cortes em 1826, servindo de camareira-mor, e em 1828, como dama de honor da infanta D. Isabel Maria, na sessão em que a infanta entregou o governo do reino a seu irmão, o infante D. Miguel. Assistiu ao Te Deum que se cantou na Sé, quando D. Pedro IV de Portugal e D. Maria II de Portugal entraram em Lisboa; às exéquias de D. Pedro IV, ao casamento de D. Maria II com o príncipe D. Augusto de Leuchtenberg. Ao segundo casamento de D. Maria II com D. Fernando não pode assistir, por causa da sua avançada idade, mas os reis foram visitá-la a Benfica.

Em 24 de Julho de 1833, o Duque da Terceira e o Marquês de Fronteira foram também visitá-la, apenas entraram em Lisboa. D. Maria II concedeu-lhe a banda da ordem de Santa Isabel. Era dama da Ordem da Cruz Estrelada, da Alemanha.

Os títulos de 6.ª condessa de Assumar e 4.ª marquesa de Alorna foram renovados por decreto de 26 de outubro de 1833. Súdita respeitosa e obediente aos soberanos, era pouco afeiçoada à medicina, tendo por inúteis os remédios em sua idade, a filha D. Henriqueta lembrou-se de lhe falar em nome da rainha, para que tomasse os remédios que os médicos receitassem.

Obra

As obras da Marquesa de Alorna publicadas depois da sua morte são:

«Obras poeticas de D. Leonor d'Almeida, etc., conhecida entre os poetas portugueses pelo nome de Alcippe». Lisboa, 1844, com o retrato da autora. Seis volumes.

Tomo I: Noticia biographica da marqueza, seguida de outra noticia historica de seu esposo e conde de Oeynhausen; Poesias compostas no mosteiro de Chellas; Poesias escriptas depois da sa­hida do mosteiro de Chellas.

Tomo II: Continuação das poesias lyricas, escriptas depois da sahida do mosteiro de Chellas.

Tomo III: A primavera, tradução livre do poema das Estações de Thompson; os primeiros seis cantos do Oberon, poema de Wieland, traduzidos do alemão; Darthula, poema traduzido de Ossian; tradução de uma parte do livro I da llliada em oitava rima.

Tomo IV: Recreações botanicas, poema original em seis cantos; O Cemiterio d'aldeia, elegia, imi­tada de Gray; O Eremita, balada imitada de Goldsmith; Ode, imitada de Fulvio Testi; Ode de Lamartine a Filinto Elysio, traduzida; Epistola a lord Byron, imitação da 2ª meditação de Lamartine; imitação da 28ª meditação do mesmo poeta, intitulada: Deus.

Tomo V: Poetica de Horacio, traduzida com o texto; Ensaio sobre a critIca, de Pope com o texto; O rapto de Proser­pina, poema de Claudiano em quatro livros com o texto.

Tomo VI: Paraphrase dos cento e cinquenta salmos que compõem o Psalterio, em várias espécies de ritmo seguida da paráfrase do varino cânticos bíblicos e hinos da igreja. Parece que a paráfrase dos salmos não fora feita sobre a vulgata, mas sim sobre a versão italiana de Xavier Matthei. Uma parte do Psalterio já fôra publicada em vida da autora, num volume de 4º, impresso em Lisboa, em 1833. A outra parte saíra também anteriormente com o título: Paraphrase e varios psalmos, Lisboa, 1817; também haviam sido impressas em Londres em 8º gr. as traduções da Poetica de Horacio, e do Ensaio sobre a critica, de Pope.

Também foi publicada ainda em vida da autora: De Buonaparte e dos Bourbons; e da necessidade de nos unirmos aos nossos legitimos principes, para a felicidade da França e da Europa: por F. A. de Chateaubriand. Traduzido em linguagem por uma senhora portu­gueza, Londres, 1814;

Ensaio sobre a indifferença em materia de religião: trad. de Lamennais, Lis­boa, 1820, 2 tomos;

Estudo biographico- critico, a respeito da litteratura portugueza, de Romero Ortiz, de pag. 61 a 96, que saíra também na Revista de España, tomo IX;

Elegia à morte de S. A. R. o principe do Brazil O sr. D. José, Lisboa. 1788.

Posteridade

1 - Maria Regina de Oyenhausen de Almeida (Viena, morta com um ano) condessa de Oyenhausen.

2 - Frederica de Oyenhausen de Almeida (Viena, 1782-Pena, Outubro de 1847), condessa de Ouenhausen.

3 - Juliana Maria Luisa Carolina de Oyenhausen de Almeida (Viena, 1 de setembro de 1784-São Petersburgo 14 de novembro de 1864). Casada em Lisboa em fevereiro de 1800 com Aires José Maria de Saldanha Albuquerque Coutinho Matos e Noronha, 2° Conde da Ega, alcaide-mor de Soure e de Guimarães, Gentil-Homem da câmara da Rainha D. Maria I e de D. João VI.

4 - Carlos Frederico Oyenhausen de Almeida (Avignon, cedo morto). Conde de Oyenhausen - G.

5 - Henriqueta de Oyenhausen de Almeida, condessa de Oyenhausen, dama camarista da Rainha D. Maria II (Marselha, 3 de janeiro de 1789-20 de março de 1860 Alcântara, Lisboa).

6 - Luísa de Oyenhausen de Almeida (Lisboa, 1791), casada em Hampstead, em 13 de junho de 1812 com Heliodoro Jacinto Carneiro de Araújo, Fidalgo da Casa Real, do Conselho de Estado de D João VI, licenciado em medicina e cirurgia, professor da Escola de Medicina de Lisboa e diplomata.

7 - João Carlos Ulrico de Oyenhausen de Almeida (Lisboa, 31 de outubro de 1799-14 de agosto de 1822-Lapa, Lisboa, solteiro)), Conde de Oyenhausen na Austria, tenente coronel do Regimento de cavalaria n° 4, serviu nos Dragões de São Paulo, no Brasil. Comendador da Ordem de Cristo.

8 - Leonor Benedita de Oyenhausen de Almeida (Porto, 30 de novembro de 1780-18 de outubro de 1850, Lisboa, em Benfica), 7ª donataria de Assumar, 6ª administradora do morgadio de Vale de Nabais e herdeira de toda a casa de seus pais. Casou em Lisboa, na Lapa, em 10 de novembro de 1799 com D. João José Luís Mascarenhas Barreto, 7° Conde da Torre de juro e herdade, 7° Conde de Coculim, 6° Marquês de Fronteira, 6° donatário de Fronteira e 6° do mordomado-mor de Faro. Vedor da Casa da Princesa D. Maria Francisca Benedita.

Bibliografia

Marquesa de Alorna. Poesias (2ª ed., selecção, prefácio e notas do Prof. Hernâni Cidade). Lisboa: Livraria Sá da Costa, Editora, 1960.

«A Marquesa de Alorna», Marquês de Ávila e Bolama.

«A Marquesa de Alorna - Sua vida e obras. Reprodução de Cartas Inéditas», Hernâni Cidade. Porto: Comp. Porto Editora, 1929.

Francisco José Feire

Francisco José Freire (Lisboa, 1719Mafra, 1773), mais conhecido pelo pseudónimo de Cândido Lusitano, foi um frade oratoriano que inspirou o movimento estético-literário da Arcádia Lusitana. A sua obra Arte Poética (publicada em 1748) marcou em Portugal a afirmação da estética neoclássica que ficaria conhecida na literatura portuguesa pelo nome de arcadismo.

A Arte Poética de Cândido Lusitano acabou por se constituir como o verdadeiro código estético dos árcades, o que o tornou numa das figuras mais influentes na introdução na literatura portuguesa das ideias estéticas e da poética e retórica neoclássicas.

Com fortes ligações ao humanismo da fase inicial do Renascimento europeu, Cândido Lusitano era um defensor acérrimo dos cânones literários e estéticos da Antiguidade Clássica, tomando como modelos Aristóteles, Cícero, Horácio e Quintiliano. Em consequência, a sua obra centra-se na divulgação do pensamento estético-literário dos clássicos, através a sua tradução para a língua portuguesa, e na defesa de uma concepção da poesia como imitação da natureza, na esteira da Poética de Aristóteles.

Na mesma senda, Cândido Lusitano, seguindo intelectuais como Ludovico Antonio Muratori e Ignacio de Luzán, explora as relações entre a fantasia e o entendimento na elaboração da obra poética, defendendo a visão aristotélica de uma arte em que estejam presentes o verosímil e uma relação equilibrada entre o útil e o deleitável e entre a natureza e o exercício.

Manteve uma acesa polémica contra o pensamento de Luís António Verney expresso no Verdadeiro Método de Estudar, defendendo que é na proporção, na ordem e na unidade é que consiste a beleza poética e que a fantasia e a imaginação eram a alma da poesia, embora devessem ser refreadas através da adopção de cânones que regulassem a relação entre a arte e o juízo. Neste contexto, e alinhando com as ideias de Nicolas Boileau, defendia o predomínio da lógica sobre a estética, afirmando que os antigos chamavam-lhe Juízo e isto é que é propriamente o bom gosto. É proceder com juízo e discernimento nas obras que compomos e não menos nas que lemos. Estas ideias assentam nos princípios da estética e filosofia platónica e augustiniana.

Seguindo o pensamento de Ludovico Antonio Muratori e os preceitos do neoclassicismo, Francisco José Freire introduziu na literatura de língua portuguesa a primeira definição canónica de bom gosto, negando a legitimidade da liberdade criativa do barroco defendida, entre outros, pelo filósofo Benito Jerónimo Feijoo.

Obras

O Secretário Portuguez Cómmodos à Instrucção da Mocidade Confirmado com Selectos Exemplos de Bons Autores, Lisboa, 1745;

Vieira defendido, Lisboa, 1746;

Arte Poética ou Regras da Verdadeira Poesia, Lisboa, 1748;

Ilustração Crítica..., Lisboa, 1751 (texto da polémica verneyana);

Arte Poética de Quinto Horácio Flacco, Lisboa, 1758;

Dicionário Poético para uso dos que principiam..., Lisboa, 1765;

Reflexões sobre a Língua Portuguesa (editado por Cunha Rivara), Lisboa, 1842.

Na Biblioteca Pública de Évora conservam-se dois manuscritos de Francisco José Freire intitulados;

A Eloquência Christã;

Cartas Poéticas e Criticas (...) de Poesia (...) e Poetas.

Referências

A. Banha de Andrade, Verney e a Cultura do seu Tempo, Coimbra, 1966;

António José Saraiva e Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa, Porto (várias ed.);

Teófilo Braga, História da Literatura Portuguesa, volume IV: Os Árcades, Porto;

Aníbal Pinto de Castro, Retórica e teorização Literária em Portugal, do Humanismo ao Neoclassicismo, Coimbra, 1973.

ARCADISMO NO BRASIL

José de Santa Rita Durão

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Frei José de Santa Rita Durão (Cata Preta (Mariana), 1722Lisboa, 1784) foi um religioso agostiniano brasileiro[1] [2] do período colonial, orador e poeta. É também considerado um dos precursores do indigenismo no Brasil. Seu poema épico Caramuru é a primeira obra a ter como tema o habitante nativo do Brasil; foi escrita ao estilo de Luís de Camões, imitando um poeta clássico assim como faziam os outros neoclássicos (árcades).

Vida

Estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro até os dez anos, partindo no ano seguinte para a Europa, onde se tornaria padre agostiniano. Doutorou-se em Filosofia e Teologia pela Universidade de Coimbra, e em seguida lá ocupou uma cátedra de Teologia.

Durante o governo de Pombal, foi perseguido e abandonou Portugal. Trabalhou em Roma como bibliotecário durante mais de 20 anos, até a queda de seu grande inimigo, retornando então ao país luso. Esteve ainda na Espanha e na França. Voltando a Portugal com a "viradeira" (queda de Pombal e restauração da cultura passadista), a sua principal atividade será a redação de Caramuru, publicado em 1781. Morre em Portugal em 24 de janeiro de 1784.

Ao Brasil não voltaria mais, e sua epopéia é uma forma de demonstrar que ainda tinha lembranças de sua terra natal.

Obra

Quase a única obra restante escrito por Durão é seu poema épico de dez cantos, Caramuru, o qual é extremamente preso ao modelo de Camões. Formado por oitavas rimadas e incluindo informação erudita sobre a flora e a fauna brasileiras e os Índios do país. Caramuru é um tributo à sua terra natal. Segundo a tradição, a reação da crítica e do público ao seu poema foi tão fria que Santa Rita Durão destruiu o restante de sua obra poética.

Lista de obras

Pro anmia studiorum instauratione oratio (1778)

Caramuru (1781)

Referências

O termo brasileiro muito antes da independência já era o adjetivo pátrio dos naturais do "Estado do Brasil". Veja por exemplo carta régia dada em Lisboa aos 20 de outubro de 1798 que cria a Vila do Paracatu do Príncipe, ali se lê: ..."em diante se denomina Villa de Paracatu do Principe; e que tenha e goze de todos os privilegios, Liberdades, franquezas, honras e isençoens de que gozão as outras Villas do mesmo Estado do Brasil"... (Revista do Arquivo Público de Minas Gerais - ano I, fasc. II. Imprensa Oficial de Minas Gerais; Ouro Preto; 1896 - pg. 349.)

Logo logo na colônia o comércio do pau-brasil foi abandonado e substituído pela produção de cana-de-açucar - surgiu o ciclo da cana-de-açucar; aliás foi o que atraiu os holandeses com a sua Cia. das Indias Ocidentais e Maurício de Nassau (1580)e o gentílico brasileiro permaneceu. No século XVII já não se falava mais em comércio de pau-brasil mas em ouro e diamantes. Portanto, no século XVII o comércio de pau-brasil já era praticamente inexistente. Por isto o termo perdeu a conotação de profissão. Veja ainda sobre o assunto: Viagem pela História do Brasil; Jorge Caldeira; Cia. das Letras; São Paulo; 1997 - pg.34

Cláudio Manuel da Costa

Cláudio Manuel da Costa

Nascimento

5 de junho de 1729
Vargem do Itacolomi, atual Mariana, MG

Falecimento

4 de julho de 1789
Vila Rica, atual Ouro Preto, MG

Nacionalidade

Brasileiro

Ocupação

Poeta

Escola/tradição

Arcadismo, Neo-classicismo

Cláudio Manuel da Costa (Vargem do Itacolomi, hoje Mariana, 5 de junho de 1729Vila Rica, 4 de julho de 1789) foi um jurista e poeta luso-brasileiro da época colonial [1].

Filho de João Gonçalves da Costa, português, e Teresa Ribeira de Alvarenga, mineira, nasceu no sítio da Vargem do Itacolomi, freguesia da vila do Ribeirão do Carmo, atual cidade de Mariana em Minas Gerais.

Tornou-se conhecido principalmente pela sua obra poética e pelo seu envolvimento na Inconfidência Mineira. Contudo, foi também advogado de prestígio, fazendeiro abastado, cidadão ilustre, pensador de mente aberta e mecenas do Aleijadinho. Estudou cânones em Coimbra e há quem acredite que ele tenha traduzido a obra de Adam Smith para o português, mas isso nunca foi muito bem fundamentado.

Índice

[esconder]

1 Vida

2 Morte

3 Conclusão

4 Representações na cultura

5 Obras:

6 Nota

7 Ver também

8 Referências

Vida

Com vinte anos embarcou para Portugal, com destino a Coimbra, em cuja Universidade se formou em cânones. Entre 1753 e 54 recolheu ao Brasil, dando-se à advocacia em Vila Rica (hoje Ouro Preto), jurista culto e renomado da época, ali exerceu o cargo de procurador da Coroa, desembargador, também exerceu por duas vezes o importante cargo de secretário do Governo. Por incumbência da Câmara de Ouro Preto elaborou "carta topográfica de Vila Rica e seu têrmo" em 1758.


Por sua idade, boa lição clássica, fama de douto e crédito de autor publicado, exerceu Cláudio da Costa ali uma espécie de magistério entre os seus confrades em musa, maiores e menores, que todos lhe liam as suas obras e lhe escutavam os conselhos, era uma das figuras principais da Capitania.

Aos sessenta anos foi comprometido na chamada Conjuração Mineira. Preso e, para alguns, apavorado com as conseqüências da tremenda acusação de réu de inconfidência, morreu em circunstâncias obscuras, em Vila Rica, no dia 4 de julho de 1789, quando teria se suicidado na prisão.

Os registros da trajetória da vida de Cláudio revelam uma bem sucedida carreira no campo político, literário e profissional. Foi secretário de vários governadores, poeta admirado até em Portugal e advogado dos principais negociantes da capitania no seu tempo. Acumulou ampla fortuna e sua casa em Vila Rica, era uma das melhores vivendas da capital. Sólida e suntuosa construção que ainda lá está a desafiar o tempo.

A memória de Cláudio Manuel da Costa, porém, não teve a mesma sorte. Até hoje paira sobre ele a suspeita de ter sido um miserável covarde que traiu os amigos e se suicidou na prisão. Outros negam até a própria relevância da sua participação na inconfidência mineira, pintando-o como um simples expectador privilegiado, amigo de Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto, freqüentadores assíduos dos saraus que ele promovia.

Cláudio tentou, ele próprio, diminuir a relevância da sua participação na conspiração, mas estava apenas tentando reduzir o peso da sua culpa diante dos juizes da devassa. Os clássicos da historiografia da inconfidência mineira são unânimes em valorizar sua participação no movimento. Parece que ele era meio descrente com as chances militares da conspiração. Mas não deixou de influenciar no lado mais intelectualizado do movimento, especialmente no que diz respeito à construção do edifico jurídico projetado para a república que pretendiam implantar em Minas Gerais, no final do século XVIII.

De qualquer modo José Pedro Machado Coelho Torres, juiz nomeado para a Devassa de 1789 em Minas Gerais, dele diz o seguinte: "O dr. Cláudio Manoel da Costa era o sujeito em casa de quem se tratou de algumas cousas repeitantes à sublevação, uma das quais foi a respeito da bandeira e algumas determinações do modo de se reger a República: o sócio vigário da vila de S. José é quem declara nas perguntas formalmente"...(Anais da Biblioteca Nacional, 1º vol. pg. 384).

Morte

Assassinato ou suicídio

O ponto mais crítico da biografia do poeta inconfidente vem a ser a suspeita do seu suicídio. Sua morte está cercada de detalhes estranhos. Há mais de duzentos anos que o assunto suscita debates e há argumentos de peso tanto a favor como contra a tese do suicídio. Os partidários da crença de que Cláudio Manuel da Costa tenha se suicidado se baseiam no fato de que ele estava profundamente deprimido na véspera da sua morte.

Isso está estampado no seu próprio depoimento, registrado na Devassa. Além disso, seu padre confessor teria confirmando seu estado depressivo a um frade que trouxe o registro à luz. Os partidários da tese de que Cláudio tenha sido assassinado, contestam tanto a autenticidade do depoimento apensado aos autos da Devassa, quanto a honestidade do registro do frade.

Quem acredita na tese do assassinato se baseia em um argumento principal: o próprio laudo pericial que concluiu pelo suicídio. Pelo laudo, o indigitado poeta teria se enforcado usando os cadarços do calção, amarrados numa prateleira, contra a qual ele teria apertado o laço, forçando com um braço e um joelho. Muitos acreditam ser impossível alguém conseguir se enforcar em tais circunstâncias.

O historiador Ivo Porto de Menezes relata que ao organizar antigos documentos relativos à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, em 1957 ou 1958, encontrou no livro de assentos dos integrantes da Irmandade de São Miguel e Almas, a anotação da admissão de Cláudio Manuel e à margem a observação de que havia "sufragado com 30 missas" a alma do falecido, e "pago tudo pela fazenda real". De igual forma procedera a Irmandade de Santo Antônio, que lançou em seu livro: "falecido em julho de 1789. E feitos os sufrágios." Relembra que havia à época proibição de missas pelos suicidas.

Também Jarbas Sertório de Carvalho, em ensaio publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, defende com boa documentação a tese do assassinato.

Há ainda quem acredite que o próprio governador, Visconde de Barbacena, esteve envolvido na conspiração e Cláudio teria sido eliminado por estar disposto a revelar isso. Mas o fato é que somente a tese do suicídio pôde se lastrear em documentos, ainda que duvidosos quanto a sua honestidade e veracidade, como bem salientam os adeptos da tese de assassinato.

Conclusão

Assim, a própria História continua pendente quanto às verdadeiras circunstâncias da morte de Cláudio Manuel da Costa e isso continua a ser o ponto mais marcante da sua biografia, não obstante estar sua vida plena de passagens notáveis.

Dez dias depois da sua morte, a população de Paris tomava a fortaleza da Bastilha, marcando o início do fim da dinastia dos gloriosos Luíses de França. Começava a tomar corpo então, um projeto político, sonhado pelo próprio Cláudio Manuel da Costa para seu país. Demoraria, no entanto, mais trinta anos para que o Brasil se tornasse liberto de Portugal. Cem anos a mais seriam necessários para a realização da segunda parte do sonho, a implantação do regime republicano no Brasil.

É Patrono da Academia Brasileira de Letras. Glauceste Saturnino (ou Glauceste Satúrnio), pseudônimo do autor, faz parte da transição do Barroco para o Arcadismo. Seus sonetos herdaram a tradição de Camões.

Representações na cultura

Cláudio Manuel da Costa já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Emiliano Queiroz no filme "Tiradentes" (1999), Fernando Torres no filme "Os Inconfidentes" (1972) e na novela "Dez Vidas" (1969) e Carlos Vereza no filme "Aleijadinho - Paixão, Glória e Suplício" (2003).

Obras:

Wikisource

O Wikisource tem material relacionado a este artigo: Cláudio Manuel da Costa

Epicediu, consagrado à memória de fr. Gaspar da Encarnação - Coimbra, 1753.

Labirinto de amor, poema - Coimbra, 1753.

Númerosos harmônicos - Coimbra, 1753.

Obras Poéticas - Coimbra, 1768

Vila Rica, 1773

Soneto

Entre o Velho e o Novo Mundo

Poesias diversas - Revista Brazileira, Rio de Janeiro, 1895 (post.).

Minusculo métrico, romance heróico - Coimbra 1751.

Nota

No Brasil como em Portugal era comum atribuir o gentílico "brasileiro" a uma pessoa nascida na colônia, embora hoje isto possa ser visto como um anacronismo. Durante a época colonial o Brasil era um território português, por esse motivo, os ali nascidos eram súditos e vassalos do rei de Portugal. Somente durante a primeira centúria da época colonial (XVI) o vocábulo “brasileiro” era o nome que se dava aos comerciantes de pau-brasil, sendo por isso, naquela época apenas, o nome de uma profissão. No entanto, desde muito antes da independência do Brasil, em 1822, em virtude do sentimento nativista disseminado o termo “brasileiro” já era utilizado de modo generalizado como adjetivo pátrio dos naturais do Brasil. Do ponto de vista estritamente legal apenas, só é de nacionalidade brasileira (brasileiro) quem ali nasceu depois da independência do Brasil. Mas, em geral, chamar uma pessoa que nasceu no Brasil antes da independência de brasileiro não quer significar que ela era comerciante de pau-brasil e sim que era natural do "Estado do Brasil".

Ver também

Arcadismo

Literatura do Brasil

Referências

Este artigo incorpora texto do livro História da Literatura Brasileira, de José Veríssimo, obra que está em domínio público.

Cláudio Manoel da Costa - notícia biográfica; Revista do Arquivo Público Mineiro; Ano I; Fasc. 2º; Imprensa Oficial de Minas Gerais; Ouro Preto; 1896.

Menezes, Ivo Porto. Potencialidades da pesquisa em Minas. Artigo publicado no jornal Estado de Minas. Belo Horizonte: 5 de maio de 2007.

Carvalho, Jarbas Sertório. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, nº LI.

Southey, Robert. História do Brasil. S. Paulo, Ed. Universidade de São Paulo, 1981.

Basílio da Gama

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Basílio da Gama.

Basílio da Gama.

José Basílio da Gama (São João del Rei, 8 de abril de 1740Lisboa, 31 de julho de 1795) foi um poeta luso-brasileiro do Brasil Colônia, filho de pai português e mãe brasileira.

Ficou órfão e foi para o Rio de Janeiro. Entrou em 1757 para a Companhia de Jesus. Dois anos depois, a ordem foi expulsa do Brasil e o poeta foi para Portugal e depois para Roma, onde foi admitido na Arcádia Romana. De volta a Lisboa, por suspeita de jansenismo, foi condenando ao degredo em Angola; salvou-o um epitalâmio que dedicou à filha do marquês de Pombal, que o indultou e protegeu.

Em 1769, publica o poema épico O Uraguai, que tem por assunto a guerra movida por Portugal aos índios das missões do Rio Grande do Sul (Sete Povos das Missões). Mais tarde foi nomeado oficial da Secretaria do Reino. Patrono da Academia Brasileira de Letras.

[editar] Obras

O Uraguai (1769)


[editar] Ligações externas

Basílio da Gama

Basílio da Gama - Biografia

Basílio da Gama



Tomás Antônio Gonzaga

Desenho do poeta, com base em gravura do séc. XIX

Desenho do poeta, com base em gravura do séc. XIX

Tomás Antônio Gonzaga (Miragaia, 11 de agosto de 1744Ilha de Moçambique, 1810), cujo nome arcádico é Dirceu, foi um jurista, poeta e ativista político luso-brasileiro. Considerado o mais proeminente dos poetas árcades, é ainda hoje estudado em escolas e universidades por seu "Marília de Dirceu" (versos notadamente árcades feitos para sua amada).

Biografia

Nascido em Miragaia, freguesia da cidade portuguesa do Porto, em prédio hoje devidamente assinalado. Era filho de mãe portuguesa e pai brasileiro. Órfão de mãe no primeiro ano de vida, mudou-se com o pai, magistrado brasileiro para Pernambuco em 1751 depois para a Bahia, onde estudou no Colégio dos Jesuítas. Em 1761, voltou a Portugal para cursar Direito na Universidade de Coimbra, tornando-se bacharel em Leis em 1768. Com intenção de lecionar naquela universidade, escreveu a tese Tratado de Direito Natural, no qual enfocava o tema sob o ponto de vista tomista, mas depois trocou as pretensões ao magistério superior pela magistratura.Exerceu o cargo de juiz de fora na cidade de Beja, em Portugal. Quando voltou ao Brasil, em 1782, foi nomeado Ouvidor dos Defuntos e Ausentes da comarca de Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto, então capital da capitania de Minas Gerais. Um ano depois conheceu a adolescente de apenas quinze anos Maria Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão, a pastora Marília em uma das possíveis interpretações de seus poemas, que teria sido imortalizada em sua obra lírica (Marília de Dirceu) - apesar de ser muito discutível essa versão, tendo em vista as regras retórico-poéticas que prevaleciam no século XVIII, época em que o poema fora escrito.

Durante sua permanência em Minas Gerais, escreve Cartas Chilenas, poema satírico em forma de epístolas, uma violenta crítica ao governo colonial. Promovido a desembargador da relação da Bahia em 1786, resolve pedir em casamento Maria Dorotéia dois anos depois. O casamento é marcado para o final do mês de maio de 1789. Como era pobre e bem mais velho que ela, sofreu oposição da família da noiva.

Apesar do pequeno papel na Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira (primeira grande revolta pró-independência do Brasil), é acusado de conspiração e preso em 1789, cumprindo sua pena de três anos na Fortaleza da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, tendo seus bens confiscados. Foi, portanto, separado de sua amada, Maria Dorotéia. Sua implicância na Inconfidência Mineira parece ter sido fruto de calúnias arquitetadas por seus adversários. Permanece em reclusão por três anos, durante os quais, teria escrito a maior parte das liras atribuídas a ele, pois não há registros de assinatura em qualquer uma de suas poesias. Em 1792, sua pena é comutada em desterro e o poeta é enviado a costa oriental da África, a fim de cumprir, em Moçambique, a sentença de dez anos de degredo.

No mesmo ano é lançada em Lisboa a primeira parte de Marília de Dirceu, com 33 liras (nota-se que não houve participação, portanto, do poeta na edição desse conjunto de liras, e até hoje não se sabe quem teria feito). No país africano trabalha como advogado e hospeda-se em casa de abastado comerciante de escravos, vindo a se casar em 1793 com a filha dele, Juliana de Sousa Mascarenhas ("pessoa de muitos dotes e poucas letras"),com quem teve dois filhos: Ana Mascarenhas Gonzaga e Alexandre Mascarenhas Gonzaga, vivendo depois disso, durante quinze anos, rico e considerado, até morrer em 1810, acometido por uma grave doença. Em 1799, é publicada a segunda parte de Marília de Dirceu, com mais 65 liras. No desterro, ocupou os cargos de procurador da Coroa e Fazenda, e o de juiz de Alfândega de Moçambique (cargo que exercia quando morreu). Gonzaga foi muito admirado por poetas Romantismo/românticos como Casimiro de Abreu e Castro Alves. É patrono da cadeira de número 37 da Academia Brasileira de Letras.

Suas principais obras são: Tratado de Direito Natural; Marília de Dirceu (coleção de poesias líricas, publicadas em três partes, em 1792, 1799 e 1812 - hoje sabe-se que a terceira parte não foi escrita pelo poeta); Cartas Chilenas (impressas em conjunto em 1863).

Características literárias

Tula A poesia de Tomás Antonio Gonzaga apresenta as típicas características árcades e neoclássicas: o pastoril, o bucólico, a Natureza amena, o equilíbrio, etc. Paralelamente, possui características pré-românticas (principalmente na segunda parte de Marília de Dirceu, escrita na prisão): confissões de sentimento pessoal, ênfase emotiva estranha aos padrões do neoclassicismo, descrição de paisagens brasileiras, etc.

O convívio com o Iluminismo põe em seu estilo a preocupação em atenuar as tensões e racionalizar os conflitos.

Tomás Antonio Gonzaga escreveu versos marcados por expressão própria, pela harmonização dos elementos racionais e afetivos e por um leve toque de sensualidade. Segundo Alfredo Bosi, Gonzaga está acima de tudo preocupado em "achar a versão literária mais justa dos seus cuidados". Assim, "a figura de Marília, os amores ainda não realizados e a mágoa da separação entram apenas como 'ocasiões' no cancioneiro de Dirceu", o que diferencia o autor dos seus futuros colegas românticos.

Marília de Dirceu

As liras a sua pastora idealizada refletem a trajetória do poeta, na qual a prisão atua como um divisor de águas(a segunda parte do livro é contada dentro da prisão). Antes do encarceramento, num tom de fidelidade, canta a ventura da iniciação amorosa, a satisfação do amante, que, valorizando o momento presente, busca a simplicidade do refúgio na natureza amena, que ora é européia e ora mineira. Depois da reclusão, num tom trágico de desalento, canta o infortúnio, a injustiça (ele se considera inocente, portanto, injustiçado), o destino e a eterna consolação no amor da figura de Marília. São compostas em redondilha menor ou decassílabos quebrados. Expressam a simplicidade e gracioso lirismo íntimo, decorrentes da naturalidade e da singeleza no trato dos sentimentos e da escolha lingüística. Ao delegar posição poética a um campesino, sob cuja pele se esconde um elemento civilizado, Gonzaga demonstra mais uma vez suas diferenças com a filosofia romântica, pois segue o descrito nas regras para a confecção de éclogas nos manuais de poética da época, que instruem aos poetas que buscam a superação dos antigos, imitando-os, a utilizações de eu-líricos que se aproximem as figuras de pastores, caçadores, hortelãos e vaqueiros.

Marília é ora morena, ora loira. O que comprova não ser a pastora, Maria Dorotéia na vida real, mas uma figura simbólica que servia à poesia de Tomás Antonio Gonzaga. É anacronismo destinar ao sentimento existente entre o poeta e Maria Dorotéia a motivação para a confecção dos poemas, tendo em vista que esse pensamento só surgiu com o pensamento Romântico, no século XIX. É mais cabível a teoria de inspiração no ideal de emulação, que configurava o sentimento poético da época, baseado nas filosofias retórico-poéticas vigentes, em que o poeta, seguinto inúmeras regras de confecção, "imitava" os poetas antigos procurando superá-los. Muitos pouco conhecedores de literatura podem acreditar que o poeta cai em contradições, ora assumindo a postura de pastor que cuida de ovelhas e vive numa choça no alto do monte, ora a do burguês Dr. Tomás Antonio Gonzaga, juiz que lê altos volumes instalados em espaçosa mesa, mas o fazem por analisar os poemas com critérios anacrônicos à época, analisam com pensamentos surgidos após o Romantismo, textos que o precedem.

É interessante atentar para alguns aspectos dessa obra de Gonzaga. Cada lira é um dialogo de Dirceu com sua pastora Marília, mas, embora a obra tenha a estrutura de um diálogo, só Dirceu fala (trata-se de um monólogo), chamando Marília em geral com vocativos. Como bem lembra o crítico Antonio Candido, o melhor título para a obra seria Dirceu de Marília, mas o patriarcalismo de Gonzaga nunca lhe permitiria pôr-se como a coisa possuída.

Academia Brasileira de Letras


Considerando-o brasileiro, rendeu-lhe o Sodalício Brasileiro a homenagem de ser Patrono da Cadeira 37 da Academia, onde veio depois a ter assento talentos como João Cabral de Melo Neto.

Representações na cultura

Tomás Antônio Gonzaga já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Gianfrancesco Guarnieri na telenovela Dez Vidas (1969), Luiz Linhares no filme Os Inconfidentes (1972) e Eduardo Galvão no filme Tiradentes (1999).

Precedido por
'

ABL - cadeira 37
Patrono

Sucedido por
Silva Ramos - Fundador

Sobre esta escolha, registrou Afrânio Peixoto:

"A Silva Ramos, que lembrara Gonçalves Crespo, nascido no Brasil, não o permitiram, por «português», aceitando, entretanto, Gonzaga, que nascera em Portugal..."

Ver também

Arcadismo

Ligações externas

Tomás Antônio Gonzaga

Tomás Antônio Gonzaga - Biografia

Poemas

Inácio José de Alvarenga Peixoto

Inácio José de Alvarenga Peixoto (Rio de Janeiro, 1744Ambaca, Angola, 1793) foi um poeta, político e funcionário público brasileiro.

Foi preso por participar da Inconfidência Mineira, e condenado ao degredo perpétuo na África.

Era amigo de Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, também poetas, igualmente inconfidentes e ambos condenados, na mesma sentença, ao degredo.

Biografia

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro, assim como na Universidade de Coimbra, em Portugal, onde conheceu o poeta Basílio da Gama (São José do Rio das Mortes, atual Tiradentes - MG 1740 – Lisboa, Portugal 1795), de quem se tornou um grande amigo.

Exerceu o cargo de Juiz de Fora da Vila de Sintra em Portugal, bem como a de Senador pela cidade mineira de São João Del-Rei.

Também exerceu o cargo de Ouvidor da comarca de Rio das Mortes. Alvarenga, por esse tempo, se dedicou à agricultura e à mineração.

O poeta tinha um caráter entusiasta e generoso, mas, ao mesmo tempo era ambicioso e perdulário.

Com isso conquistou amigos, inimigos e muitas dívidas.

Foi amigo dos poderosos da época e partilhava com os demais intelectuais de seu tempo idéias libertárias advindas do Iluminismo.

Por fim, pressionado pelas dívidas e pelos altos impostos, acabou se envolvendo na Inconfidência Mineira.

A temática amorosa era uma das vertentes da poesia de Alvarenga Peixoto, que era casado com a poetisa Bárbara Heliodora (São João Del-Rei, MG 1758 – São Gonçalo do Sapucaí 1819).

Alvarenga era amigo dos poetas Cláudio Manoel da Costa (Ribeirão do Carmo, atual Mariana, MG 1729 – Vila Rica, atual Ouro Preto 1789) e Tomás Antônio Gonzaga (Porto, Portugal 1744 – Maputo, Moçambique 1810).

Em seus poemas é fácil perceber uma postura crítica quanto à sociedade da época.

Entre os poetas árcades, Alvarenga foi o que mais se envolveu na Conjuração. Sua diminuta obra foi recolhida por Rodrigues Lapa e apresenta alguns dos sonetos mais bem acabados do arcadismo brasileiro.

O poeta freqüentava constantemente Vila Rica.

Denunciado como participante da trama foi deportado para Angola onde veio a falecer.

Obras

A Dona Bárbara Heliodora, poesia

A Maria Ifigênia, poesia

Canto Genetlíaco, poesia, 1793

Estela e Nize, poesia

Eu Não Lastimo o Próximo Perigo, poesia

Eu Vi a Linda Jônia, poesia

Sonho Poético, poesia

Manuel Inácio da Silva Alvarenga

Manuel Inácio da Silva Alvarenga (Vila Rica, 1749Rio de Janeiro, 1814) foi um poeta brasileiro.

Saiu de Vila Rica ainda adolescente e não mais voltou. Era filho de um homem mulato, Inácio Silva Alvarenga, músico de profissão e pobre, e de mãe desconhecida. Foi para o Rio de Janeiro estudar, e, feitos os preparatórios, seguiu para Coimbra, onde se bacharelou em direito canônico, sempre com as melhores aprovações, em 1775 ou 76, com 27 anos de idade.

Em Portugal relacionou-se com alguns patrícios, como Alvarenga Peixoto e Basílio da Gama, mais velhos do que ele e também poetas. Do último, parece, foi grande amigo. Celebrou-o mais de uma vez, e efusivamente, em seus versos. No círculo destes e de outros brasileiros dados às musas, ter-se-ia primeiro feito conhecido.

Em 1774, publicara em Coimbra o poema herói-cômico O Desertor (8º, 69 págs.), metendo à bulha o escolasticismo coimbrão, pouco antes desbancado pelas reformas pombalinas, e celebrando estas reformas. Franco é o mérito literário deste poema. Não é, todavia, despiciendo como documento de um novo estado de espírito, mais literal e desabusado, da sociedade portuguesa sob a ação de Pombal, e do caminho que havia feito em espíritos literários brasileiros o sentimento pátrio, manifestado no poema em alusões, referências, lembranças de cousas nossas. Quando foi do dilúvio poético da inauguração da estátua eqüestre de D. José I, em 1775, Silva Alvarenga o engrossou com um soneto e uma ode. O mesmo motivo inspirou-lhe ainda a epístola em alexandrinos de treze sílabas Ao sempre augusto e fidelíssimo rei de Portugal o Senhor D. José I no dia da colocação de sua real estátua eqüestre. Era então estudante, e tal se declara no impresso da obra. Dois anos depois vinha a lume o Templo de Netuno, poemeto (idílio) de sete páginas em tercetos e quartetos, muito bem metrificados, com que, ao mesmo tempo que celebra a aclamação da Rainha D. Maria I.

Foi Silva Alvarenga um dos mais fecundos e melhores poetas da plêiade mineira. Desde o Desertor das letras, o seu poema herói-cômico contra o carrancismo do ensino universitário, não cessou de versejar. Em folhas avulsas, folhetos, coleções e florilégios diversos, jornais literários portugueses e brasileiros (pois ainda foi contemporâneo dos que primeiro aqui apareceram), foram publicadas as suas muitas obras. A de mais vulto, o poema madrigalesco Glaura, saiu em Lisboa em 1799 e 1801. As notas de aprovação obtidas em Coimbra por Silva Alvarenga lhe argúem hábitos de estudo sério, que tudo faz supor conservasse depois de graduado e pela vida adiante. Era seguramente homem de muito boas letras, com a melhor cultura literária que então em Portugal se pudesse fazer. Quanto a ela, juntava, além do engenho poético, talento real, espírito e bom gosto pouco vulgar no tempo; sobejam-lhe as obras para o provar, nomeadamente os seus prefácios e poemas didáticos. Assenta consigo mesmo, embora segundo a Arcádia e Garção, que na “imitação da natureza consiste toda a força da poesia”, e a sua Epístola a José Basílio, insistindo nesta opinião, está cheia de discretos conceitos de bom juízo literário. Se nem sempre os praticou, é que mais pode com ele a influência do momento literário que as excelentes regras da sua arte poética. Lera Aristóteles, Platão, Homero. Lida com eles e os cita de conhecimento direto, e a propósito. Conhece as literaturas modernas mais ilustres, inclusive a inglesa. Não lhe são estranhas as ciências matemáticas, físicas ou naturais. No seu poema As artes, as figura, ou se lhes refere com apropriadas alegorias ou pertinentes alusões.

Formado em cânones voltou Silva Alvarenga ao Rio de Janeiro em 1777, e aí se deixou ficar, talvez porque nenhum afeto ou interesse de família, que não a tinha regular, o chamasse a Minas, sua terra natal. Vários poemas seus, nomeadamente a sua Ode à mocidade portuguesa, a epístola a Basílio da Gama e As artes, acima citado, mostram em Silva Alvarenga um espírito ardoroso de cultura, de progresso intelectual, e entusiasta de letras e ciências. Ele traria para o Brasil desejos e impulsos de promover tudo isto aqui. Angariando a boa vontade do vice-rei de então, Marquês do Lavradio, fundou, com outros doutos que aqui encontrou, uma sociedade científica, cujo objeto principal “era não esquecerem os seus sócios as matérias que em outros países haviam aprendido, antes pelo contrário adiantar os seus conhecimentos”.79 Foi efêmera a existência desta sociedade. Num outro vice-rei, Luís de Vasconcelos e Sousa, encontrou igualmente o nosso poeta animação e patrocínio. Por ele teve a nomeação de professor régio de uma aula de retórica e poética, solenemente inaugurada em 1782, e sob os seus auspícios restaurou, em 1786, com a denominação agora de Sociedade Literária, a associação extinta. Dela foi secretário e porventura a alma.

A mal conhecida existência destas duas associações literárias fundadas por Alvarenga deu azo às hipóteses e imaginações que têm aliás ocorrido como certezas, de uma Arcádia Ultramarina, criada por ele com o concurso de Basílio da Gama, que entretanto estava em Portugal, donde nunca mais saiu. Dos sócios destas duas sociedades, médicos, letrados, padres, o único nome que escapou ao completo esquecimento e a história literária recolheu além do de Silva Alvarenga, foi o de Mariano José Pereira da Fonseca, o futuro Marquês de Maricá, autor das Máximas. A esta atividade literária juntava Alvarenga a profissão de advogado. Mudado o vice-rei liberal pelo Conde de Rezende, que não o era (1790), este, tornado mais desconfiado pelos recentes sucessos da Inconfidência Mineira, enxergou nessa reunião de estudiosos e homens de letras não sei que sinistros projetos de conjura contra o poder real. Preso em 1794, após múltiplos interrogatórios e mais de dois anos de prisão nas lôbregas masmorras da fortaleza de Santo Antônio, foi Silva Alvarenga restituído sem julgamento à liberdade. Teve sorte. Não eram acaso mais culpados do que ele os seus confrades de Minas, dois anos antes, comutada a sentença de morte em desterro, mandados morrer nas inóspitas areias africanas. Faltou apenas um pouco mais de zelo ao vice-rei Resende e ao principal juiz da nova alçada, o poeta do Hissope, Dinis. Viveu até 1814 e colaborou ainda n'O Patriota de Manuel Ferreira de Araújo Guimarães, uma revista literária que fomentou o movimento intelectual anterior à independência.

Pelo espírito, pelo temperamento literário, pelo estilo tanto como pela idade, é Silva Alvarenga o mais moderno dos poetas do grupo, o menos iscado dos vícios da época, o mais livre dos preconceitos da escola, cujas alusões e ridículo não desconhecia, como se vê na sua Epístola a José Basílio. Tem além disso bom humor, espírito e, em suma, revê melhor que os outros a emancipação produzida em certos espíritos pela política antijesuítica de Pombal. Com ser mestre de retórica, evita mais que os outros os recursos do arsenal clássico e mitológico. E quando cede à corrente, o faz com muito mais personalidade senão originalidade, mesmo com desembaraço e liberdade rara no tempo. É disso prova a sua formosa heróide Teseu e Ariana, uma das melhores amostras da nossa poesia, naquela época.