domingo, 8 de junho de 2008

Literatura - Barroco

Barroco

O Barroco foi um período estilístico e filosófico da História da sociedade ocidental, ocorrido desde meados do século XVI até ao século XVIII. Foi inspirado no fervor religioso e na passionalidade da Contra-reforma. Didaticamente falando, o Período Barroco, vai de 1580 a 1756.

O termo Barroco advém da palavra portuguesa homónima que significa "pérola imperfeita", ou por extensão jóia falsa. A palavra foi rapidamente introduzida nas línguas francesa e italiana.

O período barroco

O ano de 1580 é significativo, marcado pela morte de Camões (e com ela, a decadência do movimento clássico), e pelo fim da autonomia política de Portugal, com o desaparecimento do rei D. Sebastião, na África, sendo que o sucessor foi Felipe II de Espanha, que anexou o reino português aos domínios, na chamada União Ibérica.

O capitólio político passou a ser Madrid, tendo Portugal perdido, além do seu foco político, a importância foco cultural. No século que se seguiu (século XVII), a influência predominante passou a ser a espanhola que se tornou marcante na cultura portuguesa e durante este mesmo período, brotam aos olhos da Espanha uma riquíssima geração de escritores, como Gôngora, Quevedo, Cervantes, Félix Lope de Vega e Calderón de la Barca além de muitos outros.

Em 1640, Portugal inicia a empreitada na reconquista da posição no cenário europeu, libertando-se do domínio espanhol, após D. João IV, da dinastia de Bragança, subir ao trono. Até 1668, muitas lutas correram, contra a Espanha, na defesa da independência e contra os holandeses, em busca de recuperar as colônias da África Ocidental e parte do Brasil.

Este foi um período de intensa agitação social, com esforços permanentes em busca do restabelecimento da vida econômica, política e cultural. Publicaram-se várias obras panfletárias clandestinas, que denotavam posição contrária a corrupção do Estado e a exploração do povo. A mais famosa e significativa é a Arte de Furtar, cuja autoria está atribuída desde 1941 ao Padre Manuel da Costa e é hoje praticamente incontestada (vide a indispensável edição crítica da obra por Roger Bismut, Imprensa Nacional, 1991).

Marquês de Pombal, ministro do rei Dom José, subiu ao poder em 1750, com propostas renovadoras, que inauguraram uma nova fase na história cultural portuguesa. Em 1756, a Arcádia Lusitana demarcou o início de novas concepções literárias.

No Brasil, o período foi marcado por novas diretrizes na política de colonização, e estabeleceram-se engenhos de cana-de-açúcar na Bahia. Salvador, como capital do Brasil, transformou-se em um núcleo populacional importante, e como consequência, um centro cultural que, mesmo timidamente, fez surgir grandes figuras, como Gregório de Matos. O Barroco Brasileiro teve início em 1601, tendo como obra significativa, Prosopopéia, de Bento Teixeira, terminando com as obras de Cláudio Manuel da Costa, em 1768, uma introdução ao Neoclassicismo.

O barroco foi desenvolvido no século XVII. Nesse período, o terror provocado pela inquisição tentava limitar pensamentos, manifestações culturais e impôr a austeridade.

Arte barroca

Embora tenha o Barroco assumido diversas características ao longo da história, o surgimento está intimamente ligado à Contra-Reforma. A arte barroca procura comover intensamente o espectador. Nesse sentido, a Igreja converte-se numa espécie de espaço cénico, num teatro sacrum onde são encenados os dramas.

O Barroco é o estilo da Reforma católica também denominada de Contra-Reforma. Arquitetura, escultura, pintura, todas as belas artes, serviam de expressão ao Barroco nos territórios onde ele floresceu: a Espanha, a Itália, Portugal, os países católicos do centro da Europa e a América Latina.

O catolicismo barroco também impregnou a literatura, e uma das suas manifestações mais importantes e impressionantes foram os "autos sacramentais", peças teatrais de argumento teológico, reflexo do espírito espanhol do século XVII, e que eram muito apreciados pelo grande público, o que denota o elevado grau de instrução religiosa do povo.

Contrariamente à arte do Renascimento, que pregava o predomínio da razão sobre os sentimentos, no Barroco há uma exaltação dos sentimentos, a religiosidade é expressa de forma dramática, intensa, procurando envolver emocionalmente as pessoas.

Além da temática religiosa, os temas mitológicos e a pintura que exaltava o direito divino dos reis (teoria defendida pela Igreja e pelo Estado Nacional Absolutista que se consolidava) também eram freqüentes.

De certa maneira, assistimos a uma retomada do espírito religioso e místico da Idade Média, numa espécie de ressurgimento da visão teocentrismo do mundo. E não é por acaso que a arte barroca nasce em Roma, a capital do catolicismo.

A escola literária barroca é marcada pela presença constante da dualidade. Antropocentrismo versus teocentrismo, céu versus inferno, religião versus ciência, entre outras constantes.

Contudo, nãocomo colocar o Barroco simplesmente como uma retomada do fervor cristão. A grande diferença do período medieval é que agora o ser humano, depois do Renascimento, tem consciência de si e que também tem valor - com exemplos em estudos de anatomia e avanços científicos o ser humano deixa de colocar tudo nas mãos de Deus.

O Barroco caracteriza-se, portanto, num período de dualidades; num eterno jogo de poderes entre divino e humano, no qual nãomais certezas. A dúvida é que rege a arte deste período. E nas emoções o artista uma ponte entre os dois mundos, assim, tenta desvendá-las nas representações.

Pintura barroca

Essa intensidade dramática do Barroco está bem exemplificada na pintura de Rubens. Este pintor flamengo, que viveu de 1577 a 1640, é considerado um dos maiores expoentes de todo o Barroco e um dos maiores gênios da pintura de toda a História da Arte.

Entre as suas obras, podemos citar como pintura de tema mitológico o quadro “O Rapto das Filhas de Leucipo”. De tema religioso, “Sansão e Dalila”, da passagem bíblica do Velho Testamento. E, como exemplo de pintura que exalta a nobreza, temos a série de quadros sobre a vida de Maria de Médici, feitos por encomenda para a rainha-mãe e regente da França.

Nos estados protestantes, a pintura barroca assumiu características diferentes. Como nesses países havia condições favoráveis à liberdade de pensamento, a investigação científica iniciada no Renascimento pôde prosseguir, permitindo assim a confecção de quadros como “A aula de anatomia do Dr.Tulp”, de Rembrandt.

A força da burguesia nesses estados – e especificamente na Holanda – levou a pintura aos temas burgueses e de cenas da vida comum, como “A Ronda Noturna”, também de Rembrandt.

O método favorito empregado pelo barroco para ilustrar a profundidade espacial é o uso dos primeiros planos super dimensionados em figuras trazidas para muito perto do espectador e a redução no tamanho dos motivos no plano de fundo. Outras características são a tendência de substituir o absoluto pelo relativo, a maior rigidez pela maior liberdade, predileção pela forma aberta que parecem apontar para além delas próprias, ser capazes de continuação, um lado da composição é sempre mais enfatizado do que o outro.

É uma tentativa de suscitar no observador o sentimento de inesgotabilidade, incompreendibilidade e infinidade de representação, uma tendência que domina toda a arte barroca.

Outra característica marcante da pintura barroca em geral é o efeito de ilusão comum nos artistas. Manifesta-se claramente nas pinturas feitas em tectos e paredes de igrejas ou palácios. Os artistas pintam cenas e elementos arquitectônicos (colunas, escadas, balcões, degraus) que dão uma incrível ilusão de movimento e ampliação de espaço, chegando, em alguns casos, a dar a impressão de que a pintura é a realidade e a parede, de facto, não existe.

Outra característica da pintura barroca é a exploração do jogo de luz e sombra, como se pode observar, por exemplo, na obra do pintor italiano Caravaggio, que teve vários seguidores, dentro e fora da Itália.

Podemos citar como exemplos de artistas barrocos:

Música barroca

A música barroca é o estilo musical correlacionado com a época cultural homônima na Europa, que vai desde o surgimento da ópera por Claudio Monteverdi no século XVII, até à morte de Johann Sebastian Bach, em 1750.

Trata-se de uma das épocas musicais de maior extensão, fecunda, revolucionária e importante da música ocidental, e provavelmente também a mais influente. As características mais importantes são o uso do baixo contínuo, do contraponto e da harmonia tonal, em oposição aos modos gregorianos até então vigente. Na realidade, trata-se do aproveitamento de apenas dois modos: o modo jônio (modomaior”) e o modo eólio (modomenor”).

O apogeu da música instrumental

Pela primeira vez na história, música e instrumento estão em perfeita igualdade. Nesse período a instrumentação atinge sua primeira maturidade e grande florescimento. Pela primeira vez surgem gêneros musicais puramente instrumentais, como a suíte e o concerto. Nesta época surge também o virtuosismo, que explora ao máximo o instrumento musical. Johann Sebastian Bach e Dietrich Buxtehude foram os maiores virtuoses do órgão. Jean Philipe Rameau, Domenico Scarlatti e François Couperin eram virtuoses do cravo. Antonio Vivaldi e Arcangelo Corelli eram virtuoses no violino.

A época das orquestras de câmara

O barroco foi a época de máximo desenvolvimento de instrumentos como o cravo e o órgão, mas também surgiram várias peças para grupos pequenos de instrumentos, que iam de três até nove instrumentistas.

História

Início do Barroco (c. 1600 — c. 1650)

Muitas das inovações associadas com a música Barroca foram estimuladas por um desejo contínuo, evidente durante o Renascimento, de recuperar a música da antiguidade clássica. Os grego antigos haviam escritos repetidamente sobre os poderes da música de incitar paixões nos ouvintes. Entretanto, os poucos manuscritos de música Grega antiga conhecidos na época eram pouco compreendidas, o que permitiu muita especulação sobre a sua natureza. Ao final do século XVI, um grupo de poetas, músicos e nobres, entre eles Vincenzo Galilei, Giulio Caccini e Ottavio Rinuccini, passaram a ser reuinir na casa do Conde Giovanni de Bardi em Florença, com a finalidade de discutir assuntos relacionados às artes, e em especial a tentativa de recriar o estilo de canto dos dramas Gregos antigos. Dos encontros da Camerata Fiorentina, como este grupo passou a ser conhecido, surgiu um estilo musical que estabelecia que o discurso era o aspecto mais importante na música. O ritmo da música deveria ser derivado da fala, e todos elementos musicais contribuiam para descrever o afeto representado no texto. Portanto, este estilo, que logo foi chamado de seconda pratica para contrastar com a polifonia renascentista tradicional ou prima pratica, era composto por um única parte vocal acompanhada por uma parte instrumental.

Esse acompanhamento era chamado de baixo contínuo, e consistia de uma única melodia anotada, sobre a qual um grupo de instrumentos adicionavam as notas necessárias para preencher a harmonia implícita no baixo, frequentemente assinaladas através de cifras indicando os intervalos apropriados. O baixo continuo estabeleceu uma polaridade entre os registros extremos: a melodia aguda e o linha do baixo eram os elementos essenciais, e as partes intermediárias eram deixadas ao gosto dos intérpretes. Nos anos 1630, esta combinação passou a ser designada pelo termo monodia, um estilo que se encontra entre a fala e o canto. Essa flexibilidade permitiu que os solistas ornamentassem as melodias livremente sem precisar se preocupar com regras de contraponto, permitindo assim que demonstrarem suas habilidades virtuosísticas. Para tirar máximo proveito da capacidade de cada instrumento ou da voz, os compositores começaram a desenvolver escritas idiomáticas para cada meio, ao contrário da música renascentista onde as partes poderiam ser executadas intercambiavelmente com instrumentos ou com voz.

Não é possivel dizer que o início do Barroco apresentava um sistema tonal definido, porém se observa uma preferência gradual pelas escalas diatônicas maiores ou menores, e um maior senso de centro de atração tonal. A emergência da seconda pratica não significou que a tradição polifônica havia sido suplantada; ambos estilos coexistiram por todo o período barroco. Claudio Monteverdi publicou madrigais escritos em ambas práticas, e a mesma flexibilidade na escrita também teve lugar na air de cour francesa.

A monodia, combinada com a nova técnica do recitativo, finalmente permitiu aos compositores escrever uma ópera, ou seja, um drama cantado do início ao fim. A ópera L'Orfeo de Monteverdi de 1607 é usualmente considerada a primeira obra a combinar música e drama satisfatoriamente. Na Alemanha, Heinrich Schütz adaptou as novas técnicas para alguns de seus motetos sacros policorais, e foi o compositor da primeira ópera alemã, Dafne (1627).

A maior parte da música instrumental publicada nesta época são as suítes de danças em vários movimentos e as variações sobre transcrições de obras vocais (geralmente intituladas canzonas, partitas ou sonatas) ou sobre baixos ostinatos (chacona ou passacaglia). Gêneros livres, como a fantasia e a tocata para instrumentos de teclado também faziam parte destas coleções.

Compositores

Alemanha

O barroco alemão iniciou-se com Heinrich Schütz (1585-1672), considerado o “pai da música alemã”. Johann Hermann Schein (1586-1630), Samuel Scheidt (1587-1654) e Michael Praetorius (1571-1621), contemporâneos de Heinrich Schütz, também são bastante notáveis nessa época.

Na segunda metade do século XVIII, destacaram-se Johann Sebastian Bach, Georg Friedrich Händel e Georg Phillipp Telemann, seguidos por Johann Pachelbel, Johann Jakob Froberger e Georg Muffat.

Diz-se que Johann Sebastian Bach foi o maior compositor do barroco alemão (e um dos mais importantes da história da música), por ter esgotado todas as possibilidades da música barroca. Sua morte é considerada como o ponto final do Período Barroco.

Itália

Na Itália, o nome mais destacado foi Antonio Vivaldi, autor de numerosos concertos, óperas e oratórios. A ele é atribuída a composição da série de concertos As Quatro Estações, provavelmente a mais difundida de todas as peças desse período. Foi o responsável por estabelecer definitivamente a forma do concerto, que continua a ser composta até os dias atuais.

Claudio Monteverdi foi considerado o “pai da ópera”. A ele é atribuído o mérito de ter introduzido e popularizado o gênero, que vinha sendo desenvolvido desde Jacopo Peri, com as obras Dafne e Euridice. Monteverdi também é o autor da ópera mais antiga ainda hoje representada: Orfeu e Eurídice.

Outros compositores do barroco italiano foram Arcangelo Corelli e Domenico Scarlattieste último, o maior expoente da música para cravo desse período.

França

A tradição musical do barroco francês deu-se principalmente com Jean-Baptiste Lully, que introduziu a ópera francesa, e Jean-Philippe Rameau, que desenvolveu obras para cravo. Outro compositor importante do período foi François Couperin, autor de peças musicais sacras.

Portugal e Brasil

No Brasil, Antônio José da Silva, o Judeu, escreveu notáveis obras 

posteriormente musicadas por Antônio Teixeira, com quem trabalhou em óperas como "As variedades de Proteu", quando se encontrava em Portugal.

Em Portugal, também Francisco António de Almeida 

e João Rodrigues Esteves trabalharam no domínio da Ópera e das obras vocais. Carlos Seixas destacou-se no campo da literatura para tecla, com mais de 700 sonatas, inovando também no reportório orquestral, com uma "Abertura em Maior" em estilo francês, uma "Sinfonia em Si bemol Maior" em estilo italiano e um "Concerto para cravo e orquestra em Maior", um dos primeiros exemplares do género na Europa e um contributo original para o desenvolvimento do Barroco.

Linha do tempo

Esta é uma linha do tempo com os principais e mais influentes compositores barrocos, separados por período e estética musical.

Literatura barroca

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O período Barroco, sucedeu o Renascimento, do final do século XVI ao final do século XVII, estendendo-se a todas as manifestações culturais e artísticas européias e latino-americanas.

Iniciado pelo maneirismo e extinto no rococó, considerado um barroco exagerado e exuberante, e para alguns, a decadência do movimento.

Em sua estética, o barroco revela a busca da novidade e da surpresa; o gosto pela dificuldade, pregando a idéia de que se nada é estável tudo deve ser decifrado; a tendência ao artifício e ao engenho; a noção de que no inacabado reside o ideal supremo de uma obra artística. A literatura barroca se caracteriza pelo uso da linguagem dramática expressa no exagero de figuras de linguagem, de hipérboles, metáforas, anacolutos e antíteses.

Origens

Iniciado em 1580 com a morte de Luis Vaz de Camões e a União Ibérica, o barroco marca o início da decadência de Portugal, que vivia seu apogeu econômico e social. Em 1580, D. Sebastião (rei muito querido de Portugal) desaparece misteriosamente numa batalha na África e, desde então, Portugal nunca teve o mesmo prestígio de antes. Por causa disso, criou-se o mito do "sebastianismo" no qual acreditava-se que a felicidade de Portugal estava ligada à D. Sebastião. Após o desaparecimento do rei, o cardeal D. Henrique assume o reino de Portugal, porém, sendo ele cardeal, não tinha herdeiros e, por causa disso, o trono português passou para as mãos de Felipe II da Espanha, que anexou o reino português a seus domínios.

Características

O barroco é conhecido como "a arte do conflito", pois (por causa do Renascimento) o homem estava dividido entre dois valores diferentes (teocentrismo x antropocentrismo). Em vista disso, o barroco se divide em duas correntes (uma otimista e uma pessimista). Por causa dessa mudança na mentalidade, o homem entra numa grande depressão pois ele não pode mais recorrer a Deus. Esse conflito vai se refletir nas artes da época: relevo na arquitetura, movimento na escultura, luz e sombra na pintura, contra-ponto na música e antíteses e paradoxos na literatura.

Principais características

  • Tentativa de fundir duas características diferentes do pensamento europeu.
  • Culto exagerado da obra, sobrecarregando a poesia de figuras de linguagem.
  • Dualismo: conflito entre o bem e o mal, o Céu e a Terra, Deus e o Diabo, o material e o espiritual, o pecado e o perdão...
  • Culto do Contraste, onde o poeta se sente dividido e confuso por causa do dualismo de idéias.
  • Pessimismo, que era acarretado pela confusão causada pelo dualismo.
  • Literatura moralista, que era usada pelos padres jesuítas para pregar a e a religião.
  • O barroco revela a busca da novidade e da surpresa , o gosto da dificuldade.

Barroco Ibérico

O barroco ibérico (da península ibérica) diz quedois modos de se conhecer a realidade:

  • Cultismo - descrição simples de objetos usando uma linguagem rebuscada, culta e extravagante, jogo de palavras, com uma influência visível do poeta espanhol Luís de Gongora ( o estilo ser chamado também de Gongorismo). Caracterizado também pelo abuso no emprego de figuras de linguagem como metáforas, antíteses, hipérboles, anáforas, etc.
  • Conceptismo - marcado pelo jogo de idéias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista e que utiliza uma retórica aprimorada. Os conceptistas pesquisavam a essência íntima dos objetos, buscando saber o que são, assim, a inteligência, lógica e raciocínio ocupam o lugar dos sentidos. Assim, é muito comum a presença de elementos da lógica formal como o silogismo e o sofisma.

O cultismo e o conceptismo são aspectos do Barroco que não se separam. Diz-se que o cultismo é predominante na poesia e o conceptismo na prosa.

Barroco no Brasil

O poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira, publicado em 1601, apesar de não ter valor literário, é considerado o início do Barroco na Literatura Brasileira. E também é considerado uma cópia mal elaborada de Os Lusíadas de Camões

Autores representativos

Brasileiros

Poesia religiosa - Apresenta uma imagem quase que exclusiva: o homem ajoelhado diante de Deus, implorando perdão para os pecados cometidos.

Portugueses

Gregório de Matos

Gregório de Matos

Gregório de Matos

Nascimento

7 de abril de 1623
Salvador da Bahia

Falecimento

26 de novembro de 1696
Recife

Nacionalidade

brasileira

Ocupação

poeta

Escola/tradição

Barroco

Gregório de Matos e Guerra (Salvador, 7 de abril de 1623 ou 1633Recife, 26 de novembro de 1696), alcunhado de Boca do Inferno ou Boca de Brasa, foi um advogado e poeta brasileiro da época colonial. É considerado o maior poeta barroco do Brasil e um dos maiores poetas de Portugal.

[editar] Biografia

Gregório nasceu numa família com o poder aquisitivo alto em coparação a época, empreiteiros de obras e funcionários administrativos (seu pai era natural de Guimarães, Portugal). De fato, a nacionalidade de Gregório de Matos é portuguesa, na medida em que o Brasil se tornou independente no século XIV.

Em 1642 estudou no Colégio dos Jesuítas, na Bahia. Em 1650 continua os seus estudos em Lisboa e, em 1652, na Universidade de Coimbra onde se forma em Cânones, em 1661. Em 1663 é nomeado juiz de fora de Alcácer do Sal, não sem antes atestar que é "puro de sangue", como determinavam as normas jurídicas da época.

Em 27 de Janeiro de 1668 teve a função de representar a Bahia nas cortes de Lisboa. Em 1672, o Senado da Câmara da Bahia outorga-lhe o cargo de procurador. A 20 de Janeiro de 1674 é, novamente, representante da Bahia nas cortes. É, contudo, destituído do cargo de procurador.

Em 1679 é nomeado pelo arcebispo Gaspar Barata de Mendonça para Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia. D. Pedro II nomeia-o em 1682 tesoureiro-mor da , um ano depois de ter tomado ordens menores. Em 1683 volta ao Brasil.

Frontispício de edição de 1775 dos poemas de Gregório

Frontispício de edição de 1775 dos poemas de Gregório

O novo arcebispo, frei João da Madre de Deus destitui-o dos seus cargos por não querer usar batina nem aceitar a imposição das ordens maiores, de forma a estar apto para as funções de que o tinham incumbido.

Começa, então, a satirizar os costumes do povo de todas as classes sociais bahianas (a que chamará "canalha infernal"). Desenvolve uma poesia corrosiva, erótica (quase ou mesmo pornográfica), apesar de também ter andado por caminhos mais líricos e, mesmo, sagrados.

Entre os seus amigos encontraremos, por exemplo, o poeta português Tomás Pinto Brandão.

Em 1685, o promotor eclesiástico da Bahia denuncia os seus costumes livres ao tribunal da Inquisição (acusa-o, por exemplo, de difamar Jesus Cristo e de não mostrar reverência, tirando o barrete da cabeça quando passa uma procissão). A acusação não tem seguimento.

Entretanto, as inimizades vão crescendo em relação direta com os poemas que vai concebendo. Em 1694, acusado por vários lados (principalmente por parte do Governador Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho), e correndo o risco de ser assassinado é deportado para Angola.

Como recompensa de ter ajudado o governo local a combater uma conspiração militar, recebe a permissão de voltar ao Brasil, ainda que não possa voltar à Bahia. Morre em Recife, com uma febre contraída na Angola. Porém, minutos antes de morrer, pede que dois padres venham à sua casa e fiquem cada um de um lado de seu corpo e, representando a si mesmo como Jesus Cristo, alega "estar morrendo entre dois ladrões, tal como Cristo ao ser crucificado".

Alcunha

A alcunha boca do inferno foi dada a Gregório por sua ousadia em criticar a Igreja Católica, muitas vezes ofendendo padres e freiras. Criticava também a cidade da Bahia, como neste soneto:

A cada canto um grande conselheiro.

que nos quer governar cabana, e vinha,

não sabem governar sua cozinha,

e podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um freqüentado olheiro,

que a vida do vizinho, e da vizinha

pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,

para a levar à Praça, e ao Terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,

trazidos pelos pés os homens nobres,

posta nas palmas toda a picardia.

Estupendas usuras nos mercados,

todos, os que não furtam, muito pobres,

e eis aqui a cidade da Bahia.

Em honra do poeta, o título Boca do Inferno foi adotado para as crónicas humorísticas de Ricardo Araújo Pereira, outro humorista português.

Obra

Em 1850, o historiador Francisco Adolfo Varnhagen publicou 39 dos seus poemas na colectânea Florilégio da Poesia Brasileira (em Lisboa).

Afrânio Peixoto editou a restante obra, de 1923 a 1933, em seis volumes a cargo da Academia Brasileira de Letras, excepto a parte pornográfica que aparecerá publicada, por fim, em 1968, por James Amado.

A sua obra tinha um cunho bastante satírico e moderno para a época, além de chocar pelo teor erótico, de alguns de seus versos.

Entre seus grandes poemas está o "A cada canto um grande conselheiro", na qual critica os governantes da "cidade da Bahia" de sua época. Esta crítica é, no entanto, atemporal e universal - os "grandes conselheiros" não são mais que os indivíduos (políticos ou não) que "nos quer(em) governar cabana e vinha, não sabem governar sua cozinha, mas podem governar o mundo inteiro". A figura do "grande conselheiro" é a figura do hipócrita que aponta os pecados dos outros, sem olhar aos seus. Em resumo, é aquele que aconselha mas não segue os seus preceitos.

Bento Teixeira Pinto

Bento Teixeira Pinto nasceu em Portugal na cidade de Porto em 1565.

Sua obra Prosopopéia é o marco inicial do barroco brasileiro em 1601.

Trata-se de um poemeto épico, de imitação camoniana, tendo por assunto a exaltação dos feitos militares de Jorge Albuquerque Coelho, segundo donatário da Capitania de Pernambuco. Tem mais valor histórico que literário.

Manuel Botelho de Oliveira

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(Redirecionado de Manoel Botelho de Oliveira)

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Manuel Botelho de Oliveira (Salvador, 1636Salvador, 5 de janeiro de 1711) foi um advogado, político e um poeta barroco brasileiro. Foi o primeiro autor nascido no Brasil a ter um livro publicado.

Cursou Direito na Universidade de Coimbra, em Portugal. De volta ao Brasil, passou a exercer a advocacia e se elegeu vereador da Câmara de Salvador. Em 1694 tornou-se capitão-mor dos distritos de Papagaio, Rio do Peixe e Gameleira, cargo obtido em função de empréstimo de 22 mil cruzados para a criação da Casa da Moeda, na Bahia.

Manuel Botelho de Oliveira conviveu com Gregório de Matos e versou sobre os temas correntes da poesia de seu tempo.

Obra

Sua principal obra é a coletânea de poemas Música do Parnaso, escrita em 1705 e publicado em Lisboa, tornando-o o primeiro autor nascido no Brasil a ter um livro impresso. Na obra, destaca-se o poema À Ilha Maré, com vocabulário típico dos barrocos, e um dos primeiros a louvar a terra e descrever com esmero a variedade de frutos e legumes brasileiros, lembrando sempre a inveja que fariam às metrópoles européias.

A Primeira obra de impressa de um brasileiro (MANUEL BOTELHO DE OLIVEIRA)

De acordo com o professor Enrique Moura , a primeira obra literária impressa de autor nascido no território do atual Brasil não é, como se pensava até agora, o livro de poemas Música do Parnaso (Lisboa 1705), mas sim a peça Hay amigo para amigo (Coimbra 1663). Esta considerável antedatação não afeta o autor, que é o mesmo para ambas as obras: Manoel Botelho de Oliveira (Salvador da Bahia, 1636-1711).

"Inicialmente, seguindo o bibliógrafo Barbosa Machado, pensava-se que o primeiro «brasileiro» com obra publicada fora o poeta Bento Teixeira, autor da Prosopopéia, editada em Lisboa em 1601. Mas Gilberto Freyre identificou-o com um cristão-novo do mesmo nome, que teria nascido no Porto, não sendo, portanto, «brasileiro» de origem. Pesquisas posteriores de Rodolfo Garcia, José Galante de Sousa e José Antônio Gonçalves de Melo confirmaram tais suspeitas e Pedro Calmon observou que o final de uma das estrofes da Prosopopeia, bem lido, informava sobre a natalidade do autor: Mas o Senhor que assiste na alta Cúria / Um mal atalhará tão violento, / Dando-nos brando Mar, vento galerno, / Com que vamos no Minho entrar paterno (estr. LXVI).

As atenções voltaram-se então para um livro poliglota de Botelho de Oliveira, cujos poemas portugueses foram editados por Afrânio Peixoto em 1928: a Música do Parnaso dividida em quatro coros de Rimas portuguesas, castelhanas, italianas & latinas. Com seu descante cómico reduzido em duas Comédiasque tinha sido publicada em Lisboa em 1705. O «descante cómico» refere-se a duas peças de teatro em castelhano que fecham o livro: Hay amigo para amigo e Amor, engaños y celos. Na dedicatória, afirmava Botelho: «Ditaram as Musas as presentes Rimas, que me resolvi a expor à publicidade de todos, para ao menos ser o primeiro filho do Brasil que faça pública a suavidade do metro, que o não sou em merecer outros maiores créditos na Poesia.». A afirmação é taxativa, e feita por um contemporâneo cultural de Bento Teixeira, pois ambos frequentaram o Colégio dos Jesuítas em Salvador. Seria muito improvável que Botelho de Oliveira assumisse falsamente a primazia, nestas circunstâncias. Da edição princeps da Música do Parnaso há catorze exemplares, conservados em bibliotecas públicas ou particulares do Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo), Portugal (Lisboa e Porto) e Inglaterra (Londres). Quando Botelho de Oliveira dizia ser o primeiro filho do Brasil que fazia «pública a suavidade do metro», estava ciente de que Diogo Gomes Carneiro, nascido possivelmente em Cabo Frio (Rio de Janeiro), havia publicado em 1641 uma obra política - Oração Apodixica aos Cismáticos da Pátria - e várias traduções: História da Guerra dos Tártaros (1657), História do Capuchino Escocês (1657) e Instrução para bem crer, e em obrar, e bem pedir (1674). Nos preliminares da sua tradução da História do Capuchino Escocês, Gomes Carneiro publicara três breves poemas circunstanciais em português, latim e italiano. Também havia publicado um epigrama latino de seis versos no volume Memórias Fúnebres, que se compilou em 1650 para lembrar a memória de D. Maria de Atayde, com a participação de um importante grupo de intelectuais da época, como António Vieira, Barbosa Bacelar, Violante do Céu e Francisco Manuel de Melo. Mas esses quatro poemas não constituíam um livro, nem tinham o peso literário da Música de Botelho de Oliveira. Lendo com atenção o «Prólogo ao leitor» de Música do Parnaso, Francisco Adolfo de Varnhagen, Manuel Sousa Pinto e Rubens Borba de Moraes notaram que Botelho de Oliveira assinalara que a peça Hay amigo para amigo andava «impressa sem nome» e que Amor, engaños y celos saía «novamente escrita». E ele não mentia. «Novamente» significava, na época, «ex novo, pela primeira vez»; logo a comédia Amor, engaños y celos podia ter sido escrita pouco antes da publicação em 1705. Mas o mesmo não era dito de Hay amigo para amigo, que na realidade tinha sido publicada muito antes, de forma anónima, em Coimbra, na imprensa de Tomé Carvalho, no ano de 1663. Por essa época o jovem Botelho de Oliveira estudava na universidade - onde coincidiu durante três anos com o também baiano Gregório de Matos - e começava a compor versos em várias línguas, prazer que o acompanhou até o fim dos seus dias, em 1711. De Hay amigo são conhecidos dois exemplares de 1663, um na Biblioteca Nacional de Lisboa e outro na Biblioteca do Institut del Teatre de Barcelona, que tive a grata surpresa de localizar e identificar. O motivo da ausência da comédia em todas as bibliografias luso-brasileiras merece ser explicado. Visto que ela sepublicou de forma anónima e que o título completo do livro de 1705 (Música do Parnaso...) não inclui o título das duas comédias, nenhum catálogo bibliográfico relacionou nos seus índices o autor (Botelho de Oliveira) com a sua obra. Acresce que as tradições bibliográficas hispânicas e luso-brasileiras não são, em geral, complementares e comunicantes. O bibliógrafo espanhol Cayetano Alberto de la Barrera y Leirado, autor do Catálogo bibliográfico y biográfico del teatro antiguo español (1860), confirma a existência de Manuel Botello (castelhanizando o sobrenome do poeta baiano) de Oliveira - e cita as suas duas obras teatrais. Esta «castelhanização» nominal não é, aliás, anormal na tradição bibliográfica ibérica. Exemplos não faltam: Jorge de Montemor assinou Los siete libros de la Diana como Jorge de Montemayor. no século XVII, o poeta português Miguel Botelho de Carvalho publicou em Espanha com o nome Botello de Carvallo. Também Jacinto Cordeiro, no Elogio de Poetas Lusitanos al Fénix de España Fr. Lope Félix de Vega Carpio, en su laurel de Apolo por el Alférez Jacinto Cordero (Lisboa, 1631), castelhanizou o seu próprio apelido. Em contrapartida, mais adiante lusitaniza o nome do poeta espanhol: Lope de Veja passa a ser Lopo de Veiga. Foi assim que o autorizado La Barrera assumiu uma praxe ortográfica herdada e ainda em vigor na sua época, obviamente sem cogitar que estava a criar um problema com a invenção do poeta Botello. O exemplo mais flagrante dessa dualidade nominal encontra-se nas três edições do Índice Biográfico de España, Portugal e Iberoamérica (IBEPI) (1990, 1995 e 2000), onde comparecem - às vezes lado a lado na mesma página - o poeta Botelho de Oliveira e o poeta Botello de Oliveira.

Assim, voltando ao duvidoso valor literário das precedências bibliográficas, podemos continuar a afirmar que Manoel Botelho de Oliveira é o primeiro autor nascido em território pertencente ao atual Brasil que teve a sorte de ver impressa uma obra literária da sua autoria. Mas a obra que lhe permite ostentar essa dignidade bibliográfica não é, como se pensava, a colectânea Música do Parnaso (1705), e sim a comédia de capa e espada Hay amigo para amigo (1663), escrita em castelhano e publicada em Coimbra durante os seus anos de estudante. Esses são os dados, por agora.”

Acredito que esse artigo, trata-se de um fato, além de histórico na nossa literatura, de suma importância para nós estudantes. Mariana Sartorello- Juiz de Fora-MG-Brasil

António Vieira

António Vieira

António Vieira

Retrato do Padre António Vieira, de autor desconhecido do início do século XVIII.

Nascimento

6 de fevereiro de 1608
Lisboa

Falecimento

18 de Julho de 1697
Bahia

Nacionalidade

português

Ocupação

religioso, escritor e orador

António Vieira PE ou Antônio VieiraPB (Lisboa, 6 de fevereiro de 1608Bahia, 18 de Julho de 1697) foi um religioso, escritor e orador português da Companhia de Jesus. Um dos mais influentes personagens do século XVII em termos de política, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos humanos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi).

António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais), e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.

Na literatura, seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e as universidades frequentemente exigem sua leitura.

Biografia

Nascido em lar humilde, e mulato, na Rua do Cónego, perto da , em Lisboa. Seu pai serviu a Marinha Portuguesa e foi, por dois anos, escrivão da Inquisição. Seu pai mudou-se para o Brasil em 1609, para assumir cargo de escrivão em Salvador, na capitania da Bahia. Em 1614 mandou vir a família para o Brasil. António Vieira tinha seis anos. Aplica-se-lhe a frase que ele mesmo escreveu: "os portugueses têm um pequeno país para berço e o mundo todo para morrerem."

No Brasil

Estudou na única escola da Bahia: o Colégio dos Jesuítas em Salvador. Consta que não era um bom aluno no começo, mas depois tornou-se brilhante. Juntou-se à Companhia de Jesus com voto de noviço em maio de 1623. Obteve o mestrado em Artes e foi professor de Humanidades, ordenando-se sacerdote em 1634.

Em 1624, quando da Invasão Holandesa de Salvador, refugiou-se no interior, onde se iniciou a sua vocação missionária. Um ano depois tomou os votos de castidade, pobreza e obediência, abandonando o noviciado. Não partiu para a vida missionária. Estudou muito além da Teologia: Lógica, Física, Metafísica, Matemática e Economia. Em 1634, após ter sido professor de retórica em Olinda, foi ordenado e em 1638 ensinava Teologia.

Quando da segunda invasão holandesa ao Nordeste do Brasil (1630-1654), defendeu que Portugal entregasse a região aos Países Baixos, pois gastava dez vezes mais com sua manutenção e defesa do que o que obtinha em contrapartida, além do facto de que os Países Baixos eram um inimigo militarmente muito superior na época. Quando eclodiu uma disputa entre Dominicanos (membros da inquisição) e Jesuítas (catequistas), Vieira, defensor dos judeus, caiu em desgraça, enfraquecido pela derrota de sua posição quanto à questão do Nordeste do Brasil.

Em Portugal

Após a Restauração da Independência em (1640), em 1641, iniciou a carreira diplomática pois integrou a missão que veio a Portugal prestar obediência ao novo monarca. Impondo-se pela viveza de espírito e como orador, foi nomeado pelo rei pregador régio. Em 1646 foi enviado à Holanda no ano seguinte à França, com encargos diplomáticos. Era embaixador (o pai, antes pobre, foi nomeado pensionista real) para negociar com os Países Baixos a devolução do Nordeste. Caloroso adepto de obter para a coroa a ajuda financeira dos cristãos-novos, entrou em conflito com a Inquisição mas viu fundada a Companhia de Comércio do Brasil

No Brasil, outra vez

O povo de Portugal não gostava de suas pregações em favor dos judeus. Após tempos conturbados acabou voltando ao Brasil, de 1652 a 1661, missionário no Maranhão e no Grão-Pará, sempre defendendo a liberdade dos índios.

Diz o Padre Serafim Leite em "Novas Cartas Jesuíticas", Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1940, página 12, que Vieira tem "para o norte do Brasil, de formação tardia, no século XVII, papel idêntico ao dos primeiros jesuitas no centro e no sul», na «defesa dos Indios e crítica de costumes". "Manoel da Nóbrega e António Vieira são, efectivamente, os mais altos representantes, no Brasil, do criticismo colonial. Viam justo - e clamavam!"

Em Portugal, outra vez

Voltou para a Europa com a morte de D. João IV, tornando-se confessor da Regente, D. Luísa de Gusmão. Com a morte de D. Afonso VI, Vieira não encontrou apoio.

Abraçou a profecia sebástica e por isso entrou de novo em conflito com a Inquisição que o acusou de heresia com base numa carta de 1659 ao bispo do Japão, na qual expunha sua teoria do Quinto Império, segundo a qual Portugal estaria predestinado a ser a cabeça de um grande império do futuro. Expulso de Lisboa, desterrado e encarcerado no Porto e depois encarcerado em Coimbra, enquanto os jesuítas perdiam seus privilégios. Em 1667 foi condenado a internamento e proibido de pregar, mas, seis meses depois, a pena foi anulada. Com a regência de D. Pedro, futuro D. Pedro II de Portugal, recuperou o valimento.

Em Roma

Seguiu para Roma, de 1669 a 1675. Encontrou o Papa à morte, mas deslumbrou a Cúria com seus discursos e sermões. Com apoios poderosos, renovou a luta contra a Inquisição, cuja atuação considerava nefasta para o equilíbrio da sociedade portuguesa. Obteve um breve pontifício que o tornava apenas dependente do Tribunal romano.

Em Portugal

Regressou a Lisboa seguro de não ser mais importunado. Quando, em 1671, uma nova expulsão dos judeus foi promovida, novamente os defendeu. Mas o Príncipe Regente passara a protetor do Santo Ofício e o recebeu friamente. Em 1675, absolvido pela Inquisição, voltou para Lisboa por ordem de D. Pedro, mas afastou-se dos negócios públicos.

No Brasil, pela última vez

Decidiu voltar outra vez para o Brasil, em 1681. Dedicou-se à tarefa de continuar a coligir seus escritos, visando à edição completa em 16 volumes dos seus Sermões, iniciada em 1679, e à conclusão da Clavis Prophetarum. Possuía cerca de 500 Cartas que foram publicadas em 3 volumes. Suas obras começaram a ser publicadas na Europa, onde foram elogiadas até pela Inquisição.

velho e doente, teve que espalhar circulares sobre a sua saúde para poder manter em dia a sua vasta correspondência. Em 1694, não conseguia escrever de próprio punho. Em 10 de junho começou a agonia, perdeu a voz, silenciaram-se seus discursos. Morre a 18 de Julho de 1697, com 89 anos, na cidade de Salvador, Bahia

Obra

Deixou obra complexa que exprime suas opiniões políticas, sendo não propriamente um escritor e sim um orador. Além dos Sermões redigiu o Clavis Prophetarum, livro de profecias que nunca concluiu. Entre os inúmeros sermões, alguns dos mais célebres: o "Sermão da Quinta Dominga da Quaresma", o "Sermão da Sexagésima", o "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda", o "Sermão do Bom Ladrão","Sermão de Santo António aos Peixes" entre outros.

Lendas

Existem muitas lendas sobre o padre António Vieira, incluindo a que afirma que, na juventude, a sua genialidade lhe fora concedida por Nossa Senhora, e a que, uma vez, um anjo lhe indicou o caminho de volta à escola quando estava perdido.

Obras

Primeira página de "Historia do Futuro", de uma edição de 1718.

Primeira página de "Historia do Futuro", de uma edição de 1718.

Defesa do livro intitulado Quinto Império

Barroco no Brasil

O Senhor dos Passos - Escultura barroca de Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho)

O Senhor dos Passos - Escultura barroca de Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho)

O barroco chega à América Latina, especialmente ao Brasil, com os missionários jesuítas, que trazem o novo estilo como instrumento de doutrinação cristã.

O Barroco brasileiro teve início em 1601, com o poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira (1550-1618). Atingiu o seu apogeu com o poeta Gregório de Matos e com o orador sacro Padre Antônio Vieira. No século XVIII, entrou em decadência, terminando em 1768 com a publicação das Obras, de Cláudio Manoel da Costa.

As primeiras obras arquitetônicas surgem da exportação cultural, usando modelos arquitetônicos e de peças construtivas e decorativas trazidas de Portugal.

Barroco Mineiro

Incentivado pela descoberta do ouro, estende-se por todo o país o gosto pelo barroco. Enquanto a Europa começava a desenvolver o Neoclassicismo, no século XVIII a arte colonial mineira não absorvia as mudanças e mantinha um barroco tardio e, por sua defasagem com o resto do mundo, tinha suas características singulares.

Minas Gerais, sendo um estado do Interior do Brasil, sofria as dificuldades de importação de materiais e técnicas construtivas. Estas características deram ao barroco mineiro um caráter peculiar e possibilitaram a criação de uma arte diferenciada, regionalista.

Igreja de São Francisco em Ouro Preto

Igreja de São Francisco em Ouro Preto

As características culturais e urbanas do povo mineiro, organizado em vilas, crendo em diversos santos, possibilitaram uma forma de expressão única, mesclada, muito mais do que somente pelo gosto artistico, com o estilo de vida, tornando estreito o relacionamento da arte com a e com a população, por meio da vivência e da visualização destes aspectos.

Muitos artistas trabalharam com as condições materiais da região, adaptando a arte ao modo de vida. Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e Manuel da Costa Ataíde simbolizam claramente esta arte adaptada ao ambiente de um país tropical, ligando sua arte aos recursos e valores regionais.

Ao trabalhar na Igreja de São Francisco de Assis, Aleijadinho substitui o mármore europeu pela pedra-sabão, Ataíde se baseia no "azulejo português" para criar suas pinturas. Absorvendo estes aspectos, o barroco desenvolvido em Minas Gerais ganha expressão particular no contexto brasileiro, firmando-se como um barroco peculiar, chamado de Barroco Mineiro.

Um exemplo clássico, que pode ser usado no estudo do Barroco Mineiro, são as igrejas mineiras construidas neste período que vai de 1710 a 1760.

fase

Retábulo nacional português

Exemplo: Capela de Santana, Ouro Preto, Minas Gerais, 1720

fase

Retábulo da Basílica de Nossa Senhora do Carmo em Recife

Retábulo da Basílica de Nossa Senhora do Carmo em Recife

Retábulo joanino

Mais presente entre 1730 e 1760. Construções com excesso de motivos ornamentais, predominância de elementos escultóricos, coroamento com sanefas e falsos cortinados com anjos e revestimento com policromia em branco e dourado.

Exemplo: Matriz de Nossa Senhora do Rosário do Pilar em Ouro Preto, Minas Gerais.

fase

Retábulo rococó

Muito presente no final do período Barroco a partir de 1760 Caracterizado por coroamento encimado por grande composição escultórica; elementos ornamentais baseados no estilo rococó francês, com conchas, laços, grinaldas e flores, revestimento com fundos brancos e douramentos nas partes principais da decoração.

Esta fase tem como característica, forte influência do estilo francês, dominante na Europa a partir da segunda metade do século XVIII. É uma particularidade do barroco no Brasil, a presença do rococó, por ter se desenvolvido paralelamente à sobrevivência do Barroco.

Exemplo: Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, Minas Gerais, Em Goiás : Igreja matriz de Nossa Senhora do Rosário , em Pirenópolis.

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