segunda-feira, 14 de abril de 2008

Literatura - Poesia

A poesia, ou género lírico, ou lírica é uma das sete artes tradicionais, através da qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos. O sentido da mensagem poética também pode ser importante (principalmente se o poema for em louvor de algo ou alguém, ou o contrário: também existe poesia satírica), ainda que seja a forma estética a definir um texto como poético.

Num contexto mais alargado, a poesia aparece também identificada com a própria arte, o que tem razão de ser que qualquer arte é, também, uma forma de linguagem (ainda que, não necessariamente, verbal).

A poesia, no seu sentido mais restrito, parte da linguagem verbal e, através de uma atitude criativa, transfigura-a da sua forma mais corrente e usual (a prosa), ao usar determinados recursos formais. Em termos gerais, a poesia é predominantemente oral - mesmo quando aparece escrita, a oralidade aparece sempre como referência quase obrigatória, aproximando muitas vezes esta arte da música.

Géneros poéticos(pt) ou Gêneros poéticos(br)

Os gêneros de poesia permitem uma classificação dos poemas conforme suas características. Por exemplo, o poema épico é, geralmente, narrativo, de longa extensão, grandiloqüente, aborda temas como a guerra ou outras situações extremas. Dentro do genéro épico, destaca-se a epopéia. o poema lírico pode ser muito curto, podendo querer apenas retratar um momento, um flash da vida, um instante emocional. Poesia é a expressão um sentimento, como por exemplo o amor. Vários poemas falam de amor. O poema é o seu sentimento expressado em belas palavras, palavras que tocam a alma.

Definição sucinta de poesia: é a arte de exprimir sentimentos por meio da palavra ritmada. Essa definição torna-se insuficiente quando se volta o olhar para a poesia social, a política ou a metapoesia. Com o advento da poesia concreta, o próprio ritmo da palavra foi anulado como definição de poesia, valorizando mais o sentido. O poema passa a ter função de exprimir sucintamente e entre linhas o pensamento do eu-lírico. A narrativa também pode fazer isso, mas a maioria dos poemas, com exceção dos épicos, não se baseia num enredo. A mensagem do autor é muito mais importante do que a compreensão de algum fato.

Licença poética

Ver artigo principal: Licença poética

A poesia pode fazer uso da chamada licença poética, que é a permissão para extrapolar o uso da norma culta da língua, tomando a liberdade necessária para recorrer a recursos como o uso de palavras de baixo-calão, desvios da norma ortográfica que se aproximam mais da linguagem falada ou a utilização de figuras de estilo como a hipérbole ou outras que assumem o carácter "fingidor" da poesia, de acordo com a conhecida fórmula de Fernando Pessoa ("O poeta é um fingidor").

A matéria-prima do poeta é a palavra e, assim como o escultor extrai a forma de um bloco, o escritor tem toda a liberdade para manipular as palavras, mesmo que isso implique romper com as normas tradicionais da gramática. Limitar a poética às tradições de uma língua é não reconhecer, também, a volatilidade da fala.

Metrificação

É a técnica para se medir um verso. Em Português, ela se apóia na tonicidade das palavras - é a escansão; contagem dos sons dos versos. É importante observar que as sílabas métricas diferem das sílabas gramaticais, observando-se as seguintes regras.

1. Contagem das sílabas métricas

a) contaremos até a última sílaba tônica de um verso.

1 2 3

Tal/ a / chu/ va

1 2 3

Trans/ pa/ re/ ce

1 2 3

Quan/ do/ des/ ce

(va/ce/ce - são as sílabas átonas e não entram na contagem poética.)

b) Quando em um verso uma palavra terminar por vogal átona e a palavra seguinte começar por vogal ou H (que não tem som, portanto não é fonema, mas uma simples letra), dar-se-á uma elisão.

A/ mo/- te, ó/ cruz/ no/ vér/ti/ce/ fir/ma/da

De es/ plên/di/das/ i/gre/jas.

c) Sinérese: é a fusão de dois sons num dentro da mesma palavra.

Lan/ça a/ poe/si/a a/flux!

d) Diérese: o contrário da sinérese. Separa em sílabas distintas dois sons vocálicos dentro de uma mesma palavra.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Deus/fa/la/, quan/do a/ tur/ba es/tá/ qui/ e /ta

No exemplo a seguir, observe como a palavra saudade ora é trissílaba ora é polissílaba, obedecendo às necessidades métricas do poema.

Saudade! gosto amargo de infelizes

Delicioso pungir de acerbo espinho,

Que me estás repassando o íntimo peito

Com dor que os seios dalma dilacera.

- Mas dor que tem prazeres - Saudade!

Misterioso númen que aviventas

Corações que estalaram, e gotejam

Não sangue de vida, mas delgado

Soro de estanques lágrimas - Saudade!

Mavioso nome que tão meigo soas

Nos lusitanos lábios, não sabido

Das orgulhosas bocas dos Sicambros

Destas alheias terras - Oh Saudade!

( Almeida Garrett - Camões)

e) Hiato: é o contrário da elisão. Separa-se de dois sons interverbais (a sinérese e a diérese são intraverbais; a elisão e o hiato são interverbais). Conferir elisão e hiato no exemplo a seguir:

E/ va/ ga

Ao/ lu/ ar

Se a/pa/ga

No / ar.

2. Classificação do verso quanto ao número de sílabas

a) Isométricos: são os versos de uma medida. São classificados como:

monossílabos

dissílabos

trissílabos

tetrassílabos

pentassílabos (ou redondilha menor)

hexassílabos (heróico quebrado)

heptassílabos (redondilha maior)

octossílabos

eneassílabos

decassílabos (medida nova)

hendecassílabos

dodecassílabos (ou alexandrinos)

b) Heterométricos: são os versos de diferentes medidas usados em um mesmo poema.

c) Versos livres: são aqueles que não obedecem a nenhum esquema. Nãometro, mas apenas ritmo, chamado de “ritmo interior”, muito ao gosto dos poetas modernistas.

Cria o teu ritmo livremente

como a natureza cria as árvores e as ervas rasteiras.

Cria o teu ritmo e criarás o mundo.”

d) Estrofe: o agrupamento de versos em um mesmo espaço, formando uma unidade rítmica e psicológica. Podem ser classificados como:

1. monóstico

2. dístico

3. terceto

4. quarteto (ou quadra)

5. quintilha

6. sextilha

7. sétima

8. oitava

9. nona

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