INÍCIO: Canção da Ribeirinha - Paio Soares de Taveirós
TÉRMINO: Fernão Lopes é eleito cronista-mor da torre do Tombo
PAINEL DE ÉPOCA:
· Cristianismo
· Cruzadas rumo ao Oriente
· Luta contra os mouros
· Teocentrismo: poder espiritual e cultural da Igreja
· Feudalismo
· Monopólio clerical
PRODUÇÃO LITERÁRIA: PROSA E POESIA
I) A poesia do trovadorismo: Cantigas
A) Cantigas líricas
Amor
· amor do trovador pela mulher amada.
· mulher idealizada.
· contemplação platônica.
· uso de “meu senhor”.
· sofrimento por amor.
· vassalagem amorosa.
· amor cortês.
· estribrilho ou refrão.
Amigo
· O trovador coloca-se no lugar da mulher que sofre pelo amado que partiu.
· mulher concreta-real.
· conversa com a natureza.
· popular - mulher camponesa.
· uso do termo “amigo” = namorado, amante, marido.
· paralelismo e refrão.
B) Cantigas satíricas
Escárnio:
· referências indiretas.
· ironia.
· ambigüidade (vocabulário de duplo sentido).
· não se revela o nome da pessoa satirizada.
Maldizer:
· sátira direta.
· maledicência
· uso de palavras obscenas ou de conteúdo erótico.
· citação nominal da pessoa satirizada.
II) A PROSA DO TROVADORISMO
Hagiografia: relatos bibliográficos de figuras canonizadas, escritos em latim.
Cronicões: relatam, de forma romanceada, os episódios históricos/sociais do século XIV
Livros de linhagem: apresenta a genealogia das famílias nobres
Novelas de Cavalaria:
· poemas que celebram acontecimentos históricos, trazidos principalmente da França e Inglaterra.
· temos três ciclos:
·
a) Ciclo Bretão ou Arturiniano: Rei Artur e Cavaleiros
da Távola Redonda.
b) Carolíngio: Carlos Magno
c) Clássico: Antigüidade Greco Romana.
EXERCÍCIOS:
A) Textos:
I - “CANTAR D’AMIGO”
Vi eu, mia madr’, andar
as barcas eno mar:
e moiro-me d’amor.
Fui eu, madre, veer
as barcas eno ler (1):
e moiro-me d’amor.
As barcas eno mar
a foi-las aguardar:
e moiro-me d’amor
As barcas eno ler
E foi-las atender (2)
e moiro-me d’amor
E foi-las aguardar
e non o pud’achar:
e moiro-me d’amor.
(Nuno Fernandes Torneol)
1. praia; 2. esperar.
II - “CANTIGA DE ESCÁRNIO”
Ai, dona fea, foste-vos queixar
porque vos nunca louv’-en meu trobar
mais ora quero fazer un cantar
en que vos loarei toda via (1),
e vedes como vos quero loar
dona fea, velha e sandia (2).
Ai dona fea! se Deus me perdon!
e pois havedes tan gran coraçon
que vos eu loe en esta razon (3),
vos quero já loar toda via,
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero (4) muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
(João Garcia de Guilhade)
1. para sempre;
2. louca, demente;
3. que eu a louve por este motivo;
4. porém, todavia.
III - “CANTIGA DE MALDIZER"
Meu senhor arcebispo, and’eu escomungado
porque fiz lealdade; enganou-me o pecado (1)!
Soltade-m’, ai (2), senhor, e jurarei, mandado
que seja traëdor.
Se traiçon fezesse, nunca vo-la diria;
mais (3) pois fiz lealdade, vel (4) por Santa Maria,
soltade-m’, ai, senhor, e jurarei, mandado
que seja traëdor.
Per mia maleventura tive hun en Sousa
e dei-o a seu don’ e tenho que fiz gran cousa (5).
Soltade-m’ ai, senhor, e jurarei, mandado
que seja traëdor.
Por meus negros pecados tive hun castelo forte
e dei-o a seu don’, e hei medo da morte.
Soltad-m’, ai, senhor, mandado
que seja traëdor.
(Diego Pezelho)
1. o demônio enganou-me;
2. absolvei-me, ai;
3. mas;
4. oh!, ah!, ai! (segundo Rodrigues Lapa);
5. parece-me ter cometido um ato grave (segundo Rodrigues Lapa).
1) Identifique as principais características dos três textos analisando suas diferenças.
2) Faça um estudo do eu-lírico nas cantigas acima e explique esse tipo de produção literária da época medieval.
B) TESTES:
“Rui Queimado morreu con amor
en seus cantares, por Sancta Maria
por ua dona que gran ben queria,
e, por se meter por mais trovador,
porque lh’ela non quis [o] ben fazer(1),
fez - s’el en seus cantares morrer,
mas ressurgiu depois ao tercer dia!
Esto fez el por ua sa senhor
que quer gran ben, e mais vos en diria:
porque cuida que faz i maestria (2),
enos cantares que fez sabor(3)
de morrer i e desi d’ar viver (4);
esto faz el que x’o pode fazer,
mas outr’omem per ren non [n] o faria.
E non há já de sa morte pavor,
senon sa morte mais la temeria,
mas sabede ben, per sa sabedoria,
que viverá, des quando morto for
e faz - (s’) en seu cantar morte prender,
desi ar viver: vede que poder
que lhi Deus deu, mas que non cuidaria.
E, si mi Deus a mim desse poder,
qual oi’el há, pois morrer, de viver,
jamais morte nunca temeria.
1. porque ela não lhe quis atender as súplicas;
2. porque ele imagina que tem talento;
3. a gosto, satisfeito;
4. de aí morrer e, mais tarde, reviver.
1) A cantiga anterior é de autoria de Pedro Maria Burgalês. Por suas características e conteúdo, ela é uma cantiga:
a) de amigo;
b) de escárnio;
c) de amor;
d) de maldizer;
e) n.d.a.
2) Fazem parte da prosa trovadoresca em Portugal:
a) as hagiografias e as cantigas de maldizer;
b) os livros de linhagem e os cronicões;
c) as novelas de cavalaria e os romances;
d) os cronicões e as crônicas;
e) os livros de linhagem e os sonetos.
3) Assinale a alternativa incorreta:
a) Na cantiga de amigo, o “eu-lírico” feminino lamenta a ausência do amigo distante;
b) Na cantiga de escárnio, a sátira é feita indiretamente e usam-se a ironia e as ambigüidades;
c) Na cantiga de maldizer, o erotismo pode estar presente;
d) Na cantiga de amor, o apelo erótico é purificado e ocorre a idealização do amor;
e) Na cantiga de amigo, usa-se o refrão, mas não existe paralelismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário